Adolescentes grávidas virou epidemia nas redes sociais de Poção de Pedras

A sociedade não reage e ainda elogia.

Posso está enganado, mas começo a acreditar que há, neste momento, uma epidemia de adolescentes grávidas em nossa região, principalmente em Poção de Pedras. Já alguns meses que vejo, quase diariamente, adolescentes que mal deixaram a infância, anunciarem via facebook, instragram ou whatsapp, que estão grávidas.

“Gente, quero dizer que aconteceu uma coisa maravilhosa comigo, eu estou grávida, está confirmado e estou muito feliz. Era o que eu mais sonhava”, é o que basicamente essas adolescentes postam, junto a uma foto com a barriguinha meio saliente e um belo sorriso amarelo de constrangido. E, inacreditavelmente, logo em seguida, recebem uma enxurrada de felicitações de todos os amigos ou conhecidos possíveis.

“Parabéns, amiga, estou muito feliz por você, é uma notícia maravilhosa, você é uma felizarda,  que o bebê venha com muita saúde”, parabenizam a adolescente como se ela acabasse de ser aprovada para cursar uma faculdade.

Entendo que algumas dessas felicitações dirigidas as adolescentes grávidas, que proliferam nas redes sociais são, na verdade, uma palavra de apoio, um gesto de solidariedade; “Coitadinha da minha amiga, tão nova e a vida acabou pra ela, em vez de criticar vou elogiá-la pra ela se sentir melhor!” Eu também vejo um perigo oculto nestas exposições rotineiras nas redes sociais: acabam, infelizmente, incentivando ou banalizando um grave problema social e de saúde pública.

Continua...

“Ah, se eu engravidar não terei muitos problemas, porque várias amigas minhas estão grávidas e elas só recebem elogios e incentivos no facebook!” – Esse seria o pensamento que poderiam estar sendo massificado na cabeça de outras adolescentes.

Eu não vejo nenhuma felicidade nesses sorrisos amarelos expostos em facebooks da vida; pelo contrário, busco enxergar mais além: vejo os transtornos que recai sobre os familiares de uma adolescente que passam por uma gravidez precoce ou indesejada, imagino o trauma que toda a família está atravessando!

Claro, acabam recorrendo ao facebook para declarar logo, publicamente, o que em poucos meses todos notarão. Mas é preciso que as famílias dessas crianças tenham um bom senso e não permitam que elas se exponham mais ao ridículo e aos constrangimentos das redes sociais. Evitar a exposição da adolescente grávida já seria um grande passo no caminho para lidar com questão.

Corre a boca pequena no interior das redações de jornais (impresso, online ou televisivo) que não é prudente postar notícias relacionadas a suicidas, porque a informação acaba motivando várias pessoas que estão com essa personalidade; já foi diagnosticado que depois de uma informação sobre suicídio ser vinculadas nas mídias, logo nos dias seguintes ocorre uma enxurrada de pessoas que recorreram também ao suicídio. Não podemos banalizar a vida e nem achar que uma gravidez precoce, possivelmente, indesejada deva ser festejada nas redes sociais. Quem opta por essa exposição, estaria inadvertidamente abrindo espaço para outras adolescentes se despreocuparem, fazerem sexo sem nenhuma proteção e essa imprudência resultaria em mais uma gravidez indesejada.

Contraditoriamente, os garotos que engravidam as adolescentes de nossa região, evitam a todo custo à exposição, nunca aparecem nas redes sociais com frases escrachadas: “Amigos, vou ser papai, tô muito feliz!” Eles não fazem isso, são os primeiros que somem, “vazam” da responsabilidade. Dificilmente aparece um para assumir a paternidade. E deixam o problemão para a grávida e a família dela.

Eu, conclamo a sociedade da nossa região, vamos nos mobilizar para enfrentar esse grave problema. Precisamos reagir com campanhas educativas; a questão aqui nem é mais a proibição de adolescentes se relacionarem sexualmente, mas de esclarecimento. Vamos reagir hoje para salvar nossos adolescentes dos riscos de uma hora para outra terem suas vidas paralisadas, os sonhos interrompidos, e, evitar que entrem numa realidade de cuidar de outra criança, em vez de está na escola, cursando o ensino médio, preparando-se para a faculdade,dando um bom seguimento a vida. O momento é esse, é agora! Sociedade civil, as igrejas, as escolas, as famílias precisam ingressar nessa luta. A sala de aula é um campo a ser trabalhado! Nesse respeito, as secretarias de Educação, Saúde e Assistência Social devem agir o mais rápido possível. Vamos levar palestras às escolas, vamos falar disso nas igrejas, porque verdadeiramente há um problema grave de saúde pública e social a nossa volta; o que está acontecendo nas casas de nossos vizinhos pode acontecer dentro da nossa casa. EM FIM, QUERO DIZER QUE O PROBLEMA É NOSSO!

  

Vamos reagir para que a festa de debutantes de nossas adolescentes não seja substituída por festas de chá de bebê.