Taxa média de desemprego ficou em 8,5% em 2015, diz IBGE
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O desemprego fechou o ano
passado com taxa média de 8,5%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (15)
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – a maior desde o
início da série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad
Contínua), em 2012. Em 2014, a média anual de desemprego ficou em 6,8%.
No quarto trimestre, o
desemprego ficou com 9%. No mesmo período de 2014, a taxa ficou em 6,5%. A taxa
do período de outubro a dezembro também é a maior para um trimestre desde o
início da pesquisa. A Pnad Contínua coleta informações em 211 mil domicílios em
3.464 municípios do país.
“Essas pessoas não estavam
ocupadas, elas tomaram uma providência para conseguir trabalho”, afirmou Cimar
Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.
“No quarto trimestre temos
ampliação da taxa de desocupação em função principalmente do crescimento do
número de pessoas desocupadas no Brasil. Esse número ele está maior parte em
consequência de pessoas que perderam seus empregos, e em função principalmente
do aumento mais expressivo dada a perda da estabilidade, mudança de estrutura
do mercado e perda do poder de compra, que levou para a fila da desocupação um
número maior de pessoas”, afirma Azeredo. "De certa forma a gente tem no
país um aumento da desocupação e uma redução da qualidade do emprego”.
Reflexo da economia, em continua...
“Tudo o que acontece no
mercado de trabalho é reflexo do cenário econômico. (...) Quando o mercado se
mostra em recessão, numa crise econômica, você vai ter redução no contingente
de pessoas ocupadas, consequentemente você tem aumento da informalidade,
redução do poder de compra da população, grupamento mais organizados
apresentando redução”, explica Azeredo.
“Como é o caso da indústria,
que reduz em praticamente todos os estados do país, sobretudo nas regiões mais
desenvolvidas como é o caso da região Sudeste, que apresenta, em função dessa
crise econômica, aumento dessa taxa de desocupação em praticamente em todos os
estados da região”.
2015 fechado
O IBGE estima em 8,6 milhões
o número de desocupados no ano passado, uma alta de 27,4% em relação aos 6,7
milhões de 2014. Já a população ocupada ficou estável em 92,1 milhões.
A pesquisa mostrou ainda que
houve queda cerca de 900 mil no número de empregados com carteira assinada no
setor privado, passando de 36,6 milhões em 2014 para 35,7 milhões em 2015. Já o
rendimento médio mensal se manteve praticamente estável, passando de R$ 1.947
para R$ 1.944, mesmo movimento da massa de rendimento real habitual, que passou
de R$ 173.577 bilhões para R$ 173.570 bilhões.
Quarto trimestre
Os dados do período de
outubro a dezembro mostram que o desemprego foi ficando mais intenso ao longo
do ano. A taxa de 9% do último trimestre ficou acima dos 8,9% registrados nos
três meses anteriores.
E a alta do desemprego no
final do ano foi atípica, segundo o IBGE: “O quarto trimestre, por ter o mês de
dezembro, a conhecida sazonalidade do trabalho temporário, a presença do mês de
dezembro é componente sazonal muito forte que tem ali: menos dias de procura,
mais oportunidades fazem com que a taxa venha a ser menor. Isso não aconteceu.
A taxa está estável do terceiro para o quarto trimestre", afirma Azeredo,
do IBGE.
“Foi uma combinação de
redução de população ocupada com aumento de população desocupada. Uma procura
bastante expressiva [por trabalho]. Essa perda de ocupação acaba afetando a
estrutura familiar, onde pessoas que estariam fora da força vão para o mercado
para compor a perda do poder de compra”, diz o coordenador.
“Estamos tendo nesse mercado
uma redução dessa população ocupada, um aumento de população desocupada, um
retorno para esse mercado de trabalhadores domésticos, consequência desse
desarrumar desse cenário econômico”, afirmou.
A população desocupada
alcançou 9,1 milhões no período – estatisticamente estável em relação aos três
meses anteriores, mas uma alta de 40,8% em relação ao mesmo trimestre de 2014,
e o equivalente a mais 2,6 milhões de pessoas nessa situação. É o maior
crescimento dessa população na série, em relação ao mesmo trimestre do ano
anterior, segundo o IBGE.
O IBGE estimou em 92,3
milhões a população ocupada do país, uma queda de 600 mil pessoas em relação ao
quarto trimestre de 2014. Desses, cerca de 35,4 milhões tinham carteira
assinada no setor privado – número que representa uma queda de 3% frente ao
mesmo período do ano anterior.
Já o rendimento médio real
de todos os trabalhos foi estimado em R$ 1.913,00 – uma queda de 1,1% em
relação ao trimestre anterior (R$ 1.935,00) e de 2% ante o quarto trimestre de
2014 (R$ 1.953,00).
“Está voltando praticamente
ao ano de 2012 em termos de patamar de renda de trabalho”, diz Cimar Azeredo.
CLT, servidores, domésticos
De acordo com a pesquisa,
72,1% da população ocupada no quarto trimestre de 2015 estava no setor privado.
Outros 18% estavam no setor público, e 9,9% eram trabalhadores domésticos.
Cerca de 77,9% dos empregados no setor privado tinham carteira de trabalho
assinada.
Entre os trabalhadores
domésticos, 33,3% tinham carteira de trabalho assinada no 4º trimestre de 2015,
frente a 32,1% um ano antes.
“Outro ponto como se fosse
um reflexo maior que se tem do mercado de trabalho é o aumento do trabalhador
doméstico (alta de 4,2% em relação ao trimestre anterior e de 4,8% ante o mesmo
período de 2014). E como estão conseguindo pagar? Isso é consequência de
acordo", avalia Azeredo.
"O rendimento do
trabalhador doméstico reduziu. A oferta desse trabalhador doméstico é tão
grande que eles acabam reduzindo esse salário para conseguir se manter no
mercado. E essas pessoas muitas vezes estão vindo de grupamentos que de certa
forma reduziram [a população ocupada], muitas vezes elas acabam retornando para
cá ou migrando para cá”.
De acordo com Cimar Azeredo,
ao longo da série histórica, são as mulheres que têm as taxas de desocupação
maiores. No entanto, “a taxa que mais subiu foi a dos homens. Justamente isso
que faz com que mais pessoas vão para a fila da desocupação. Ele é arrimo de
família muitas vezes e ele acaba arrastando com ele mais pessoas [para a fila
do desemprego]”.
O coordenador ressaltou
ainda que “quem mais está sofrendo [com o aumento do desemprego] são as pessoas
que não terminaram a faculdade”.
No 4º trimestre de 2015, a
população ocupada era composta por 68,3% de empregados, 4,3% de empregadores,
24,8% de pessoas que trabalharam por conta própria e 2,5% de trabalhadores
familiares auxiliares.
“Consequência dessa queda
que se tem nesse contingente de trabalhadores, de empregados, tanto com
carteira como sem carteira. As pessoas quando perdem emprego muitas vezes
recebem rescisão e vão para o próprio negócio. E muitas vezes esse negócio vai
para a informalidade para que ela mantenha o poder de compra dela”, diz
Azeredo.
G1 - São Paulo
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