Pela primeira vez em 37 anos, ministério não terá mulheres
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Se as nomeações de Temer previstas até agora se concretizarem, será o primeira vez desde o governo Geisel (1974-1979) que isso acontece
Zélia Cardoso de Mello teve papel de destaque no governo Collor (1990-1992), ocupando a pasta da Fazenda |
A nova formulação da Esplanada dos Ministérios no governo Temer traz à tona um
problema histórico na política brasileira: a pequena participação das mulheres.
Na lista do primeiro escalão do governo do presidente interino Michel Temer
(PMDB) não há sequer um nome feminino. Desde o governo de Ernesto Geisel
(1974-1979), essa é a primeira vez que nenhuma mulher ocupa um cargo em
ministério.
O número
de mulheres na Esplanada nunca foi representativo. Até o governo Lula
(2003-2010) não passava de cinco nomes. A presidente Dilma Rousseff (PT) foi a
que mais teve participação feminina no primeiro escalão no governo federal.
Passaram pela Esplanada 18 mulheres desde o início do governo, em 2011. Quatro
delas ocuparam o cargo interinamente. Nos últimos dias de governo, eram oito
nomes femininos nos ministérios, três deles de ministras interinas.
Continua...
Número
de prefeitas no Brasil é de apenas 11,8%.
Para a
cientista política da UFSCAR Maria do Socorro Braga, a baixa participação
feminina no primeiro escalão do governo é um reflexo da participação feminina
na vida política como um todo. “Está muito relacionado com a prévia
participação, chamada background, das mulheres no ponto de vista da
participação em várias esferas políticas”, analisa. Para Maria, o fato dos
partidos serem a principal força de indicação de nomes para ministérios explica
a baixa participação feminina, já que há poucas lideranças femininas nas
legendas.
“Nós
somos ainda uma sociedade machista, temos uma tradição cultural com a submissão
da mulher”, analisa o professor de Ciências Sociais e do mestrado em Direitos
Humanos da PUCPR Lindomar Boneti. “Nós temos uma herança cultural voltada para
o homem no comando, como voz ativa. Isso a gente vê dentro da família, quanto
mais com a representação política”, explica o professor.
Pico
O pico
no número de mulheres participando do governo Dilma, além da presidente ser
mulher, pode ser explicado pelo partido de esquerda da presidente. “Se você
olhar o perfil é de se esperar que elas [ministras de Dilma] sejam mais
partidárias e menos técnicas. Normalmente os partidos mais de esquerda são os
que atraem mais as mulheres”, analisa Maria.
“A
mulher na política hoje se sobressai quando há uma valorização dos movimentos
sociais, quando existe uma presença maior dos movimentos sociais no governo,
como é o caso do governo Lula em partes e do governo Dilma”, analisa Boneti.
“Eu não vejo, por exemplo, que o governo Temer tenha um perfil de valorização
dos movimentos sociais. Parece-me que ele tem apoio de mais segmentos de
direita onde os movimentos sociais não tem guarida”, diz o professor.
Retrocesso
No
momento em que o país assiste ao impeachment da primeira presidente mulher da
história, e a episódios como o perfil da esposa do vice-presidente Michel Temer
(PMDB), em que a revista Veja classificou o vice de “um homem de sorte” ao
descrever Marcela Temer como uma mulher “bela, recatada e do lar”, a redução do
número de mulheres na Esplanada preocupa. “É um retrocesso na luta pela
igualdade de gênero. É um pouco assustador o perfil político de não lembrar
desse fator tão importante”, diz Boneti.
Maria
também chama a atenção para o retrocesso que representa a composição dos
ministérios no governo Temer em relação à paridade de gênero. “Se não houver
estímulo dos principais atores, lideranças que estão a frente de um governo
nesse sentido, a gente vai reduzir cada vez mais a entrada das mulheres nesses
quadros”, alerta.
Para o
professor, seria politicamente positivo para Temer garantir a participação
feminina no governo. “Seria uma estratégia política inteligente, isso iria
contrabalancear politicamente [o impeachment]”, analisa.
Eleições
A falta
de participação feminina não é exclusividade da composição dos ministérios. O
número de mulheres concorrendo -- e sendo eleitas – em eleições municipais,
estaduais e nacionais também é baixo e mostra como ainda há muito a avançar na
inclusão de gênero.
Um
levantamento realizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República mostra que o número de candidatas a prefeita nos
municípios brasileiros nas últimas eleições era de apenas 13,4%. O número de
prefeitas eleitas naquele ano é ainda menor: 11,8%.
Quando
analisados os dados por estado é possível perceber que o estado com o maior
percentual de candidatas mulheres em relação aos homens é Roraima, onde 23,4%
dos concorrentes são do sexo feminino. Mesmo assim, a proporção não chega nem a
um quarto dos candidatos.
Quando o
cargo é o de vereadora, o número de candidatas é um pouco maior: 31,9% em 2012.
O número de eleitas, porém, é bem menor: apenas 13,3% das cadeiras em Câmaras
Municipais no país são ocupadas por mulheres.
Mulheres
no ministério
O último
governo sem nenhuma mulher nos cargos de alto escalão foi o governo de Ernesto
Geisel (1974-1979). O general só nomeou ministros homens.
Foi João
Figueiredo (1980-1985) o primeiro presidente a nomear uma mulher para ocupar
uma pasta. A escolhida foi a advogada e professora Esther de Figueiredo Ferraz,
primeira mulher ministra de estado do Brasil: ela ocupou a pasta de educação.
José
Sarney, presidente entre 1985 e 1990, nomeu mais uma mulher: Dorothea Werneck
ocupou a pasta do Trabalho no último ano do governo. Fernando Collor
(1990-1992) tinha Zélia Cardoso de Mello como ministra da Fazenda. Itamar
Franco (1992-1995) teve como ministras Yeda Crusius (Planejamento) e Margarida
Coimbra do Nascimento (Transportes).
Fernando
Henrique Cardoso (1995-2003) também nomeou duas mulheres: Dorothea Werneck para
Indústria e Comércio e Cláudia Costin para a pasta de Administração e Reforma.
Foi no
governo Lula (2003-2010) que a participação das mulheres começou a aumentar.
Foram
várias, incluindo a própria presidente DIlma Rousseff, que começou como chefe
do ministério de MInas e Energia e terminou na Casa Civil. As outras ministras
de Lula foram Benedita da Silva (Secretaria Especial da Assistência e Promoção
Social, com status de ministério), Erenice Guerra (Casa Civil, enquanto Dilma
disputava as eleições presidenciais), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Márcia
Lopes (Desenvolvimento Social e Combate à fome), Marina Silva (Meio Ambiente),
Marta Suplicy (Turismo), Matilde Ribeiro (Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial), Nilcéia Freire (Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres) e Sandra Meira Starling (Trabalho, interina).
A
prática foi consolidada no governo Dilma (iniciado em 2011). Ela teve como
ministras Ana de Hollanda (Cultura), Emília Maria Silva Ribeiro Curi (Ciência,
Tecnologia e Inovação), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Pesca,
Relações Institucionais e secretaria dos Direitos Humanos), Inês da Silva
Magalhães (Cidades), Iriny Lopes (Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Kátia Abreu (Agricultura), Luiza
Helena de Bairros (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial),
Maria Fernanda Ramos Coelho (Desenvolvimento Agrário, interina), Maria do
Rosário (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República), Miriam
Belchior (Planejamento) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à
Fome).
5 Comentários
Lugar de mulher é na cozinha ! Olha a Dilma só fez mer.. Na política !
ResponderExcluirVai ter mulher sim, e muitas, mas la na cantina pra fazer um cafezinho.
ResponderExcluirno primeiro momento Michel está precisando de base forte, de ministro que tenha liderança perante seus pares, não vejo a ausência de mulheres como algo negativo, lógico, temos que colocar as melhores pessoas para cada cargo, mulher ou homem tanto faz, competência e primordial, não adianta montar uma equipe para agradar uma classe, seja de mulher, de negro ou amarelo, Michel tem que montar uma equipe que seja capaz de tirar o Brasil da lama que se encontra, não vamos culpar Dilma por ser mulher mas sim por que se cercou de corruptos e não fez nada para mudar as práticas que vem de muito tempo, mulher na equipe também não é certeza de sucesso, como a própria reportagem falou, o governo de dilma foi o que mais mulher tinha, e foi um fracasso total, uma década perdida segundo setores econômicos.
ResponderExcluirVcs não viram o q aquela mulher fez la em baixo com aquele carro.
ResponderExcluirEntregaram o país para uma mulher vocês viram no que tá dando né?
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