Vou-me Embora pra Pasárgada
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Manuel Bandeira
Vou-me embora pra
Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que
eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra
Pasárgada
Vou-me embora pra
Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma
aventura
De tal modo
inconseqüente
Que Joana a Louca de
Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver
cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a
mãe-d'água
Pra me contar as
histórias
Que no tempo de eu
menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra
Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver
mais triste
Mas triste de não ter
jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu
quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra
Pasárgada.
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Texto extraído do http://www.releituras.com/mbandeira_pasargada.asp
Manuel Bandeira: sua
vida e sua obra estão em "Biografias".
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