Dono da JBS grava Temer dando aval para compra de silêncio Cunha
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Após
reportagem citar gravação, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou um
pedido de impeachment do presidente Michel Temer (PMDB)
RIO
— Na tarde de quarta-feira passada, Joesley Batista e o seu irmão Wesley
entraram apressados no Supremo Tribunal Federal (STF) e seguiram direto para o
gabinete do ministro Edson Fachin. Os donos da JBS, a maior produtora de
proteína animal do planeta, estavam acompanhados de mais cinco pessoas, todas
da empresa. Foram lá para o ato final de uma bomba atômica que explodirá sobre
o país — a delação premiada que fizeram, com poder de destruição igual ou maior
que a da Odebrecht. Diante de Fachin, a quem cabe homologar a delação, os sete
presentes ao encontro confirmaram: tudo o que contaram à Procuradoria-Geral da
República (PGR) em abril foi por livre e espontânea vontade, sem coação.
É
uma delação como jamais foi feita na Lava-Jato: Nela, o presidente Michel Temer
foi gravado em um diálogo embaraçoso. Diante de Joesley, Temer indicou o
deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F
(holding que controla a JBS). Posteriormente, Rocha Loures foi filmado
recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. Temer também ouviu do
empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma
mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou:
"Tem que manter isso, viu?".
Aécio
Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um
primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia
Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram
depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
Joesley
relatou também que Guido Mantega era o seu contato com o PT. Era com o
ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff que o dinheiro de propina era
negociado para ser distribuído aos petistas e aliados. Mantega também operava
os interesses da JBS no BNDES.
Continua...
Joesley
revelou também que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha após sua prisão, valor
referente a um saldo de propina que o peemedebista tinha com ele. Disse ainda
que devia R$ 20 milhões pela tramitação de lei sobre a desoneração tributária
do setor de frango.
Pela
primeira vez na Lava-Jato foram feitas "ações controladas", num total
de sete. Ou seja, um meio de obtenção de prova em flagrante, mas em que a ação
da polícia é adiada para o momento mais oportuno para a investigação. Significa
que os diálogos e as entregas de malas (ou mochilas) com dinheiro foram
filmadas pela PF. As cédulas tinham seus números de série informados aos procuradores.
Como se fosse pouco, as malas ou mochilas estavam com chips para que se pudesse
rastrear o caminho dos reais. Nessas ações controladas foram distribuídos cerca
de R$ 3 milhões em propinas carimbadas durante todo o mês de abril.
Se a
delação da Odebrecht foi negociada durante dez meses e a da OAS se arrasta por
mais de um ano, a da JBS foi feita em tempo recorde. No final de março, se
iniciaram as conversas. Os depoimentos começaram em abril e na primeira semana
de maio já haviam terminado. As tratativas foram feitas pelo diretor jurídico
da JBS, Francisco Assis e Silva. Num caso único, aliás, Assis e Silva acabou
virando também delator. Nunca antes na história das colaborações um negociador
virara delator.
A
velocidade supersônica para que a PGR tenha topado a delação tem uma explicação
cristalina. O que a turma da JBS (Joesley sobretudo) tinha nas mãos era algo
nunca visto pelos procuradores: conversas comprometedoras gravadas pelo próprio
Joesley com Temer e Aécio — além de todo um histórico de propinas distribuídas
a políticos nos últimos dez anos. Em duas oportunidades em março, o dono da JBS
conversou com o presidente e com o senador tucano levando um gravador escondido
— arma que já se revelara certeira sob o bolso do paletó de Sérgio Machado, delator
que inaugurou a leva de áudios comprometedores. Ressalte-se que essas
conversas, delicadas em qualquer época, ocorreram no período mais agudo da
Lava-Jato. Nem que fosse por medo, é de se perguntar: como alguém ainda tinha
coragem de tratar desses assuntos de forma tão descarada?
Para
que as conversas não vazassem, a PGR adotou um procedimento incomum. Joesley,
por exemplo, entrava na garagem da sede da procuradoria dirigindo o próprio
carro e subia para a sala de depoimentos sem ser identificado. Assim como os
outros delatores.
Ao
mesmo tempo em que delatava no Brasil, a JBS contratou o escritório de
advocacia Trench, Rossi e Watanabe para tentar um acordo de leniência com o
Departamento de Justiça dos EUA (DoJ). Fechá-lo é fundamental para o futuro do
grupo dos irmãos Batista. A JBS tem 56 fábricas nos EUA, onde lidera o mercado
de suínos, frangos e o de bovinos. Precisa também fazer um IPO (abertura de
capital) da JBS Foods na Bolsa de Nova York.
Pelo
que foi homologado por Fachin, os sete delatores não serão presos e nem usarão
tornozeleiras eletrônicas. Será paga uma multa de R$ 225 milhões para livrá-los
das operações Greenfield e Lava-Jato que investigam a JBS há dois anos. Essa
conta pode aumentar quando (e se) a leniência com o DoJ for assinada.
POR
LAURO JARDIM – O Globo
(Colaborou
Guilherme Amado)
3 Comentários
ResponderExcluirLamentável! Michel Temer não tem mais condições legais nem morais para continuar na Presidência da República nem tampouco conduzir as duras reformas que o Brasil tanto precisa. O que faltou a Dilma para permanecer presidenta, agora falta a Temer. Renúncia ou impeachment já! Eleições gerais urgente!
Allan Roberto
Fora temer ladrão ladrão ladrão ladrão..........
ResponderExcluirFora temer ladrão ladrão ladrão ladrão..........
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