O Blog entrevista o ex-vereador Raimundo Teixeira

Raimundo Teixeira

Raimundo Teixeira de Sousa, 66 anos, duas vezes vereador (pleitos: 1982-1988 e 1996-2000), proveniente de família política do Ceará. Um parente dele já foi governador daquele estado.

Seu Raimundo Teixeira me procurou na minha última visita a Poção de Pedras, na semana passada e particularmente, fiquei muito honrado com a visita dele. Conversamos sobre política e a conversa acabou se transformando na entrevista abaixo:

B.C. - O senhor será mesmo candidato a vereador?

Raimundo Teixeira - Sim, serei candidato a vereador e não pretendo dixistir para apoiar outra pessoa como estão querendo. E se em Poção de Pedras houver dez mil casas, nessas dez mil casas eu as visitarei E farei essas visitas, sozinho. Nada de anda em companhia de prefeito ou vereador. Eu quero conversar com meus eleitores pessoalmente, ouvir o que eles têm a dizer e também transmitir a eles a minha mensagem. Eu fiz isso no tempo que Dr. Luís foi eleito, nas eleições de 82 e farei isso novamente. Na eleição de 82 eu trabalhei muito para eleger Dr. Luís ele e ganhamos por 37 votos. Que eleição foi aquela!

B. C. – Como foi sua relação com Dr. Luís?

Raimundo Teixeira –  Dr. Luís é para mim o político mais importante da história de Poção de Pedras. Um grande homem e um grande líder. Mas me desentendi com ele, por que me elegi vereador em 82 e quando fui buscar minha reeleição, descobrir que ele havia colocado seis candidatos na minha região: um no Jatobá, um Beira- Rio, um Lagoa Velha, um no Belém. Mas eu não disse nada. Ele me chamava muito de pidão, por que eu pedia as coisas para o povo.

B.C. - Também soube que o senhor apoiou o Gildásio.

Raimundo Teixeira - Eu e toda a minha família apoiamos o Gildásio em sua eleição. Só na minha família foram 18 votos diretos, tinha até um dos meus filhos que queria votar no Dr. João e eu consegui levar o voto dele para o Gildásio. Infelizmente nós não tivemos oportunidade no governo dele, mas isso é da política. Hoje não tenho nada contra o Gildásio, reconheço até que ele me ajudou.  O meu filho, Teixeirinha, também participou ativamente da campanha, recebeu um emprego na Câmara e não sei por que, e em poucos dias tiraram ele do cargo. Hoje ele e a mulher estão morando em Passo Fundo no Rio Grande do Sul.

B.C. – E o Dr. João Batista, como foi sua relação com ele?

Raimundo Teixeira - Dr. João me ajudou quando me elegi vereador em 1996. Engraçado que no dia dessa eleição, eu me tranquei e as pessoas vinham me dizer: “Rapaz vai contar os teus votos porque os outros candidatos estão lá contando os votos deles nas sessões!” E eu confiante no meu povo, disse que “não”, se tiver que ser eleito, eu seria eleito. O dia amanheceu e eu estava eleito vereador mais uma vez. Chorei de agradecimento ao povo. Sempre fui muito grato a essas pessoas que me acompanharam e nunca me imaginei dono do mandato. Os meus mandatos sempre foram do povo.

B.C. - Quem são os candidatos fortes no grupo do Cascaria?

Raimundo Teixeira - Dutra Croá, Ângela, Vereador Valney, Adenilson, Cícero de Brito, que deve lançar a mulher dele, dona Edna, Zé do Tó, Grande, Júlio Cesar e outros que não me recordo agora.

B.C. - Se o senhor fosse escolher, o senhor entraria no chapão ou nas coligações?

Raimundo Teixeira - É o chapão por que vai quem tem mais votos.

B.C. - Mas com o chapão o senhor acha que venceria o Dutra, Ângela, Valney?

Raimundo Teixeira - Acho que não, mas me contento em saber que os eleitos seriam os primeiros colocados.

B.C. – O senhor não colocou o seu nome entre o candidatos fortes do seu grupo, o senhor se considera fraco nessa disputa?

Raimundo Teixeira – Os meus colegas de grupo tem dito isso, que  eu sou fraco, mas quem sabe é Deus e os meus eleitores. Também ficam apontando esses candidatos jovens do Cascaria como fracos. Em Esperantinópolis tem um vereador bem jovem, parece um menino. Diziam que ele era um candidato fraco, pequeno, mas ele surpreendeu todo mundo se elegendo vereador. Então temos que respeitar essa juventude que vem ai. Esses jovens, como o Knnor, a Gerlandia, sofrem discriminação dentro do nosso grupo. Hoje mesmo bati boca no bar do Diassis em defesa deles. Eu disse lá que tem gente que gasta cem mil reais e não vai a lugar nenhum e tem candidato que gasta dez reais e consegue ser eleito. Eu mesmo nunca fui eleito comprando votos. Devo ao Gerson Sá que me chamou para a disputa, entrei e fui eleito. Naquela época diziam que eu era pequeno.

B.C. - Como está sua vida financeira hoje?

Raimundo Teixeira - Está regular, tenho dois aposentos e é com apenas esse recurso que irei bancar minha eleição para vereador.

B.C. - Por que razão o senhor se afastou do prefeito?

Raimundo Teixeira - Acho que isso foi no dia da posse do Dr. Gildásio. Estávamos num bar, bebendo e comemorando a posse. O irmão do prefeito estava lá, e eu caí na besteira de dizer isso a ele: “Eu ajudei o teu irmão se eleger, agora não sei se ele vai nos ajudar”. Bom, só sei dizer que o primeiro a sair da prefeitura fui eu.

B.C. - Porque o senhor foi dizer aquilo no dia da posse?

Raimundo Teixeira - É o meu jeito de ser. Eu não sei enganar ninguém. Hoje estou com o Cascaria, mas se o prefeito me chamar e me dizer que vai me dar rios de dinheiro para que eu possa me eleger a vereador, eu recusaria. Não consigo enganar as pessoas.

B.C. - E sobre o Cascaria, o senhor acha que ele ganha essa eleição?

Raimundo Teixeira - Eu ando na beira do rio e em todos os lugares e vejo que o Cascaria tem a maioria. Estou confiante que dar Cascaria. Mas o Gildásio ganha no Belém por causa do Lael e no Lucindo por causa do Dr. Cristóvão e o Dr. Elias.

B.C. - O senhor não tem mesmo mágoas do prefeito Gildásio?

Raimundo Teixeira - Nenhuma. Tenho um pouco de tristeza por ter pedido um carro para levar a minha mãe, quando estava muito adoentada, para Teresina e ele não cumpriu isso comigo. Mas não sinto raiva dele, não vou falar mal dele. Ele apenas perdeu o meu voto, mas não posso dizer que ele é ruim quando eu mesmo disse que ele era bom pedindo votos para ele.

B.C. - Qual é a região que o senhor atua e tem votos?

Raimundo Teixeira - Fortaleza Beira-Rio, São Pedro, Água Viva, Mandi da Bárbara, Jatobá e aqui na sede. Eu que criei as sessões eleitorais do Poeirão e da Vila Borges. Mandei os ofícios e a justiça eleitoral atendeu os meus pedidos.

B.C. - O senhor podia falar de seu trabalho quando foi vereador.

Raimundo Teixeira - A maioria das obras naquela região foi implantada por mim: posto de saúde em Fortaleza que mais parece um hospital, foi projeto meu. Assim como foram projetos de minha autoria a energia em Fortaleza, os colégios em São Francisco dos Vieiras, nos Canudos Beira-Rio, no São Pedro Beira – Rio, na Lagoa Velha, no Mandi da Barbara, na Água Viva, na Santa Rosa. As escolas dessas comunidades são projetos de minha autoria e tenho como provar. Além de muitos outros projetos que não me recordo ou que o governo não quis fazer.

B.C. - Na última vez que o senhor foi candidato a vereador, quantos votos o senhor obteve?

Raimundo Teixeira - Na derradeira vez, tive mais de trezentos votos.

B.C. - Além do Cascaria, o senhor dispõem do apoio de políticos fora de Poção de Pedras?

Raimundo Teixeira - Fui a Brasília e recebi o compromisso do apoio do deputado Sarney Filho e conto com o apoio do deputado estadual Raimundo Louro.

B.C. - O senhor que é de dentro do grupo do Cascaria, enxerga lá algum problema sério que precisa ser resolvido?

Raimundo Teixeira - Só a discriminação contra os candidatos pequenos. Essa discriminação é algo sério e tem que acabar. Todos tem o direito de serem candidatos e ninguém pode ser obrigado a desistir para apoiar outra pessoa.

B.C. – Seu Raimundo, para encerrar, vou lhe fazer uma perguntinha e espero que o senhor não se aborreça. Eu estou notando que durante toda a nossa conversa, o senhor demonstra muita tristeza, o senhor é uma pessoa triste?

Raimundo Teixeira – Não, não sou uma pessoa triste. Deve ser o fato de minha mãe está doente e de alguns problemas da vida! Mas geralmente eu sou uma pessoa muito feliz.