Triste círculo vicioso nas eleições de Poção de Pedras

Esse negócio de corujões da noite ou visitas noturnas começou a ficar chato! Eleitores inescrupulosos tem procurado tirar proveitos, dividendos dos dois candidatos com essas visitas. É o que percebo. Há casas ou famílias que já mudaram diversas vezes de candidatos a prefeito somente nos últimos 30 dias. As paredes de muitas casas têm servido como um espetáculo vergonhoso nessa chaga eleitoral em nossa cidade.
 

Não sei dizer o que se é conversado nessas visitas, mas o que se comenta é que elas custam caro aos candidatos. E uma festejada derrubada de cartazes na casa de uma família visitada a calada da noite, não é a segurança que aqueles eleitores vão voltar no novo candidato, exposto nos novos cartazes colados na parede da frente.

 

 

Já não é nem mais leilão de quem pagar mais. Toda visita rende alguma coisa e mudar de cartaz não constrange mais essas famílias. O candidato mal conclui uma visita e já recebe cinco, dez convites de famílias ávidas da presença dele em suas casas. Lógico que em raras visitas, o candidato convence o eleitor a vota nele e esse eleitor assumir essa responsabilidade com seriedade. Todavia, como disse, isso são atitudes raras nessa política. A maior parte dessas adesões é só trambicagem de eleitores, que de certa forma, exploram os candidatos a prefeito. E os candidatos a prefeito, acabam coagidos a bancar essa espécie de extorsão apena para fotografar a casa com os cartazes sendo arrancados e depois colados com os seus. Mas votos que é bom, é bom nem confiar nesse eleitores.

Eu estou acreditando nisso: os dois candidatos a prefeito estão sendo extorquidos por eleitores inescrupulosos. É a politicagem que estraga a festa da democracia.

 

 

Quando estou acompanhado algum candidato a prefeito, e vejo-o demorando em uma casa que tem cartazes de seu adversário e o candidato sai, sem que os cartazes adversários caiam, já olho com simpatia aos moradores daquela casa. Concluo logo que aquele povo tem compromisso e são eleitores sérios. E estão determinados a votarem naquele candidato, porque preferem o projeto dele.

Infelizmente tem eleitores que mudam de cartazes a cada passagem de um candidato. Isso sim é uma vergonha. Mudar de opção faz parte do jogo democrático, mas mudar uma, duas, três vezes é molecagem e das grossas.

Essa é uma cultura nojenta e os candidatos devem acabar com elas e não incentivá-las.

Toda vez que observo um cartaz caindo depois de uma visita, assisto um show dantesco. Os adversários arrancam o cartazes com desprezo, rasga-os,  pisam-nos, atiram-nos ao chão. E depois colocam o novo cartaz com um cuidado religioso, sob muitos aplausos.  

Se eu fosse um candidato, jamais voltaria aquela casa onde o morador, motivados por acordos suspeitos, deixou que os meus cartazes fossem tratados com tamanho desprezo pelos meus adversários. Eu diria francamente: vou ganhar a eleição sem esse teu voto. Não preciso de eleitores como você, preciso sim de cidadãos honestos que não vendem seus votos.

Mas a realidade é totalmente oposta. O candidato volta aquela casa para oferecer mais benesses aquela família e pedir para rasgar os cartazes novos e novamente depositar os seus cartazes naquela parede da vergonha. E essa família vai acumulando dividendos oriundos dessa prática ilegal. Sim, tratar-se de um círculo vicioso da vergonha!

Reconheço que a pobreza é grande em nossa cidade. E muitos levados pelas dificuldades da vida acabam se prestando a esse papel vergonho. E ainda sim, levando nossa pobreza em consideração, nada me tira da cabeça que essa atitude de mudar de cartazes todas as vezes que um candidato visita a casa é um das coisas mais nojenta dessa política!

O incidente que envolveu Cascaria há dois dias, pode ter sido motivado por conta dessas adesões incertas. Cascaria tinha acabado de conquistar um voto, derrubou os cartazes de seu adversário, colocou os seus e quando foi dobrando a esquina soube que dona Concita, secretaria de Assistência Social do município, estava na casa de seu novo eleitor. Chateado ele voltou a casa e o que se seguiu foi escrito ontem, numa postagem. Ele deve ter sentido o desânimo e a falta de confiança no eleitor graças a tantas trambicagens de outros eleitores com ele e com o prefeito.

Naquela mesma noite, uma senhora mostrava algumas cédulas de dinheiro que segundo ela, um candidato a ofereceu para ela mudar de lado. Ela recebeu o dinheiro, derrubou os cartazes do candidato dela e assim que se viu sozinha, chamou o candidato antigo para dizer que tinha recebido dinheiro para mudar de cartaz, mas não mudou de voto. A senhora confessou ter participado de crimes de corrupção ativa e passiva. O que ela fez? Foi ela que pediu o dinheiro ou candidato ofereceu a ela? E por que ela recebeu dinheiro? E por que ela não devolveu o dinheiro?

Ontem na Avenida Kennedy, o prefeito Gildásio convenceu dona Maria de Jesus a aderir para ele. Depois de uma longa conversa, ela o autorizou arrancar os cartazes de seu adversário e colar os do prefeito. Assim que eram arrancado os cartazes do Cascaria, advinha que cartazes apareceu embaixo? Apareceram cartazes do Dr. Gildásio. Eu estava lá vendo aquilo e conclui logo a história daquela parede e daquela casa: dona Maria de Jesus começou eleitora do Dr. Gildásio, aderiu ao Cascaria e desde ontem, voltou a ser Gildásio.  É possível diagnosticar a reação dessa senhora quando Cascaria regressar a casa dela para pedir mais uma vez o voto. Essa triste mazela tomou de conta das eleições de Poção de Pedras.



Dona Maria de Jesus: a parede dela já foi Gildásio, pulou para Cascaria e desde ontem voltou a ser Gildásio.