Fim de lixões ainda está longe de ser realidade no Maranhão
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Conceição do Lago Açu,
Esperantinópolis, Lago do Junco, Paulo Ramos, Santo Antonio dos Lopes, São
Raimundo do Doca Bezerra, São Roberto e Trizidela do Vale são os únicos municípios
da nossa região com Plano de Gestão de Resíduos Sólidos. Clique Aqui!!!
Municípios têm dificuldade
de cumprir prazos da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Acaba no dia 4 de agosto o
prazo estabelecido na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para o fim
definitivo dos lixões em todos os municípios brasileiros. A lei, publicada em
agosto de 2010, prevê a não geração, redução, reutilização, reciclagem e
tratamento dos resíduos, para que apenas rejeitos – tipo de lixo que não pode
ser reciclado – sejam dispostos de forma ambientalmente adequada, ou seja, em
aterros sanitários ou controlados. A menos de um mês do fim desse prazo, tudo
indica que a maioria das cidades maranhenses não conseguirão cumprir a
determinação a tempo.
Continua...
“Em números relativos, a
gente pode estimar que em torno de 90% não conseguirão”, diz o promotor de
Justiça do Meio Ambiente Fernando Barreto, em entrevista à reportagem do
Imirante.com. O promotor conta que, desde a publicação da PNRS, o Ministério
Público do Maranhão (MP-MA) vem cobrando das prefeituras providências para que
a lei seja cumprida. Um dos atos mais recentes ocorreu em junho deste ano,
quando foi enviada uma remessa de ofícios aos prefeitos maranhenses solicitando
informações sobre medidas que já haviam sido tomadas.
Com base nos dados já
levantados pelo MP-MA, Barreto se arrisca a dizer que poucos municípios terão
condições de encerrar seus lixões dentro do prazo. “O panorama que a gente tem,
infelizmente, não é dos melhores”, lamenta. O promotor explica que, após o dia
4 de agosto, serão instaurados inquéritos civis e policiais para investigar as
prefeituras que não conseguirem cumprir a determinação. Apuradas as
responsabilidades, os municípios podem responder por crime ambiental, estando
sujeitos a multas que podem chegar a R$ 50 milhões.
Panorama
da gestão de resíduos no Maranhão
Ainda em 2010, o Diagnóstico
da Situação dos Resíduos Sólidos no Maranhão mostrava um cenário alarmante. De
acordo com o estudo, produzia-se no Estado uma quantidade estimada em 5.733
toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia. O diagnóstico também indicava
que, de 119 municípios maranhenses pesquisados, apenas quatro informaram
descartar seus resíduos em aterro sanitário, 19 disseram destinar o lixo em
aterros controlados e a grande maioria, formada por 96 municípios, revelou que
a disposição final era feita em lixões.
Desde então, essa situação
parece não ter mudado muito. Ao menos é o que aponta a grande quantidade de
municípios que sequer elaboraram seu plano municipal de gestão de resíduos
sólidos, que também faz parte do PNRS como uma etapa anterior ao encerramento
dos lixões. O prazo para a elaboração dos planos municipais terminou em 2012,
mas, até agora, apenas cerca de 30% das prefeituras no Maranhão já providenciaram
seus planos. De acordo com o titular da Promotoria de Meio Ambiente, já
existem, inclusive, ações movidas contra gestores que não elaboraram esse
documento.
Segundo a avaliação do
Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimonio Cultural
(CAO-UMA) do MP-MA, mesmo os planos que já foram entregues podem ser
considerados insatisfatórios. Veja, no mapa abaixo, as cidades maranhenses que
já possuem Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos:
Fernando Barreto revela que
tem conhecimento de apenas um aterro sanitário que já possui licença ambiental
e deverá ser utilizado pela capital maranhense: o aterro Titara, localizado no
município de Rosário. “Eu tenho conhecimento desse aterro, que deve ter
capacidade para atender São Luís, Rosário, Bacabeira, Santa Rita, Axixá,
Icatu... Aqueles municípios num raio de até 60km”, afirma. O promotor destaca,
no entanto, que não sabe se, além da capital, as outras cidades vão optar por
contratar esse aterro ou irão buscar outra alternativa.
Situação
do descarte na capital maranhense
Antes que o aterro Titara
comece a receber os resíduos vindos de São Luís, o município precisa
providenciar o encerramento do aterro da Ribeira. Para isso, é necessário
realizar uma auditoria ambiental. A realização da auditoria já havia sido
determinada em sentença proferida pela Justiça em maio de 2008, mas ainda não
foi entregue. “O aterro da Ribeira é uma situação crônica”, afirma o promotor
Fernando Barreto. “Voce fechar um aterro não é como você encerrar uma boate,
nem uma padaria. Um aterro sanitário é um deposito de resíduos contaminantes,
poluentes, que vai continuar poluindo”, completa.
Para o promotor, além da
prefeitura de São Luís, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) também
pode ser responsabilizada pela situação no Aterro da Ribeira, uma vez que cabe
a ela a concessão de licença ambiental do aterro.
Em resposta, a SEMA informou
à reportagem que a empresa responsável pela coleta e destinação final dos
resíduos de São Luís solicitou, em 2013, o encerramento do aterro. O órgão
comunicou, ainda, que no mesmo ano informou a empresa sobre o procedimento e os
estudos necessários para abertura do processo de licenciamento para construção
de área de transbordo no mesmo local, mas o processo não foi protocolado pelo
empreendedor.
Já a prefeitura de São Luís
disse, por meio de nota, que a auditoria solicitada pelo MP deve ser realizada
pela empresa responsável pelo serviço de coleta de resíduos sólidos urbanos,
que já apresentou um diagnóstico contendo o passivo ambiental, que seriam os
estudos mostrando os impactos e as ações para revitalização da área do aterro.
Aterros
clandestinos
Além da situação do aterro
controlado da Ribeira, também preocupa a utilização de lixões e outros aterros
clandestinos criados e alimentados pela própria população. O promotor Fernando
Barreto atribui esse cenário tanto a uma deficiência de coleta quanto à falta
de consciência ecológica da população. “Já pensou se cada pessoa tivesse que
pagar na hora que colocasse o lixo na porta? Imagina se lixo fosse igual água e
energia: não pagou não tem. Nós entenderíamos o quanto o lixo é uma coisa cara
para a sociedade”, comenta Barreto, explicando que todos precisam ter a
consciência de que o lixo custa caro tanto em termos de impacto ambiental
quanto no aspecto financeiro.
Jorge Martins e Neto Cordeiro / Imirante.com
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