Magistrado já foi acusado de utilizar trabalho análogo à escravidão em fazenda.
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O Globo
O juiz Marcelo Testa
Baldochi, da comarca de Senador La Rocque (a cerca de 650 km de São Luís,
vizinha a Imperatriz), no Maranhão, deu voz de prisão a três funcionários da
empresa aérea TAM, após chegar atrasado para o embarque a Ribeirão Preto, em
São Paulo, e ser impedido de entrar na aeronave. O episódio ocorreu na noite do
último sábado no aeroporto Renato Cortez Moreira, em Imperatriz, e foi gravado
num celular por uma pessoa que estava presente no guichê da TAM.
“Quietinho. O senhor está
presinho, não sai daqui. Pra aprender a respeitar”, pode-se ouvir o magistrado
dizer a um atendente da empresa aérea. “E o senhor também”, diz o juiz a outro
funcionário que supostamente tenta intervir a favor do colega.
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O Juiz Marcelo Testa Baldochi (à esquerda ao telefone) no guichê da TAM |
A Polícia Militar foi
chamada e conduziu três funcionários apontados pelo juiz ao Plantão da 10ª
Delegacia Regional de Imperatriz. O delegado Regional Francisco de Assis Ramos
ouviu os funcionários e os liberou em seguida. Segundo ele, os funcionários
foram conduzidos sob a acusação de “desrespeitar o Código do Consumidor”, mas
não foram mantidos presos porque “a parte acusadora, o juiz, não compareceu à
delegacia”.
O vídeo gravado no guichê da
TAM foi divulgado em alguns portais maranhenses. Em nota, a TAM informou que a
que “segue todos os procedimentos de embarque regidos pela Legislação do setor”
e que “está colaborando e prestando todos os esclarecimentos às autoridades”.
O GLOBO apurou que um dos
funcionários conduzidos à polícia disse a colegas de trabalho que se sentiu
“humilhado” pelo juiz, já que os procedimentos de embarque já haviam sido
encerrados.
- Apenas cumpri as normas da
empresa e da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), não autorizando ninguém
a entrar na aeronave após o fechamento das portas da sala de embarque - disse
um dos funcionários.
No Guia do Passageiro,
elaborado pela Anac, “todo passageiro deve se apresentar para o check-in no
horário estipulado pela companhia aérea”, ou seja, em geral com ao menos uma
hora de antecedência. O juiz Gervásio Protásio dos Santos, presidente da
Associação dos Magistrados do Maranhão (AMMA), afirmou que não compactua com a
atitude do juiz Marcelo Baldochi, atitude que, segundo Protásio, “só denigre a
magistratura”.
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Juiz Marcelo Testa Baldochi - Tribunal de Justiça do Maranhão
|
Ele afirmou, ainda, que vai
“pedir à Corregedoria do Tribunal de Justiça do Maranhão a apuração do caso”. O
GLOBO não conseguiu contato, nesta segunda-feira, com o juiz Marcelo Testa
Baldochi.
Trabalho escravo
O magistrado já foi acusado
pela fiscalização do grupo móvel do Ministério do Trabalho, em 2007, de se
utilizar de 25 trabalhadores em situação degradante (análoga à escravidão) numa
propriedade sua – a Fazenda Pôr do Sol, em Bom Jardim (MA). Em 2011, Testa
Baldochi foi condenado pela Justiça maranhense a indenizar em R$ 31 mil quatro
desses trabalhadores.
Em dezembro de 2012, o juiz
foi agredido a facadas e pedradas por um flanelinha, a quem não aceitou dar
dinheiro, na saída de uma pizzaria, em Imperatriz.
Leia mais sobre esse assunto
em http://oglobo.globo.com/brasil/juiz-chega-atrasado-para-voo-da-voz-de-prisao-funcionarios-que-impediram-embarque-14768828#ixzz3LKv7sc1L
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