Tumulto generalizado e destruição marcaram a eleição da Câmara de Vereadores de Lago da Pedra

O que restou da Câmara de Lago da Pedra

Na noite de quinta-feira, dia 1º, foi realizada a eleição da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Lago da Pedra. Um ato normal, corriqueiro em mais de cinco mil câmaras legislativas espalhadas por este Brasil; ocorre que a Câmara de Lago da Pedra não pode ser taxada de uma Câmara normal. O que aconteceu nesta eleição dará matérias para o ano inteiro. Discursões, bate-boca, empurrões, ameaças, xingamentos, clima tenso, tentativa de invasão ao plenário, spray de pimenta, destruição do plenário, e no final, duas eleições foram realizadas. Uma no gabinete da presidente por volta das 20h00 e outra na principal praça da cidade, por volta das 22h00, enfim, o blog não sabe nem por onde começar.

De azul Lorena, de branco, Wanessa

Vamos fazer um resumo do que observamos como testemunha ocular, sem paixões, sem amarras políticas, apenas o que vimos, porque o blog estava presente desde o começo; em outras postagens, entraremos com mais detalhes em todos os lances que transformaram a eleição da Câmara de Vereadores de Lago da Pedra no pleito legislativo mais quente, tenso, perigoso e eletrizante do Brasil.

Vamos ao roteiro.

Às 17h25 a equipe do Blog chegou a Câmara e os vereadores estavam a porta; a presidente Lorena exigiu que as portas da Câmara fossem abertas depois que chegasse a polícia e fizesse a revista nas pessoas que desejassem entrar no prédio. Os vereadores da oposição concordaram com a medida da presidente, e essa foi única coisa que eles concordaram durante aquela reunião.

Um pouco antes das 18h00, a polícia chegou, formou um pelotão para revista, os vereadores entraram primeiro, e, aos poucos, um grande número de pessoas tomaram de conta da galeria.

Os vereadores da oposição ficaram aguardando os colegas da situação. A ideia inicial do grupo oposicionista era que o vereador Zé Orlando presidisse a sessão.

Continua...

“A Lorena não é mais presidente, o mandato dela encerrou no dia 1º, quem vai presidir, de acordo com o Regimento é o vereador mais idoso, no caso, Zé Orlando”, disse Ariel do Crediário.

No entanto, a vereador Lorena entrou no plenário acompanhada de policiais militares, encontrou o vereador Julyfran sentado na cadeira de presidente da Câmara; Lorena pediu que ele saísse da cadeira, e informou que ela iria ocupá-la, como também presidiria a sessão; Julyfran fez uma careta de desagrado, porém, ergueu-se e foi sentar-se a sua mesa.

A partir do momento em que Lorena sentou na cadeira de presidente da Câmara iniciou quase três horas de intensa confusão.

A princípio, ela informou a decisão do Dr. Alessandro Bandeira de suspender a comissão criada pela Mesa Diretora que processava a vereadora Lorena a perda de mandato por ter possivelmente extrapolado o número mínimo de votos não tinha poder na Câmara; “São poderes diferentes e independentes”, dizia a vereadora.

Lorena deixava claro que iria levar o processo até o fim contra a vereadora Wanessa antes da eleição da Câmara.

Os vereadores da oposição ficaram extremamente revoltados e partiram para cima da vereadora Lorena; afirmavam que ela estaria desobedecendo o magistrado e sairia presa da Câmara caso insistisse em extinguir o mandato de Wanessa.

Os vereadores oposicionistas, orientados pelos seus advogados, chegaram a conversa com o tenente da PM que estava resguardando a Câmara sobre o fato da vereadora Lorena desobedecer uma liminar expedida pelo juiz da Comarca local e ser levada presa.

Entretanto, Lorena, que falava muito ao telefone, informou que recebeu um comunicado do Tribunal de Justiça do Maranhão que havia uma decisão de uma desembargadora do TJ-MA, suspendendo a liminar do Dr. Alessandro Bandeira e, portanto, ela teria que levar adiante a comissão que processava a vereadora Wanessa Venceslau a perda do mandato em decorrência de faltas as sessões legislativas da Câmara.

Os vereadores da oposição também não aceitavam essa decisão da vereadora Lorena. Começaram a alegar que a comissão não tinha mais efeito, porque fora criada no período em que Lorena atuava como presidente da Casa; o mandato dela havia encerrado no dia no dia 31, bem como a comissão criada por ela.

E nesse imbróglio, passava das 19 horas e a sessão de votação não era realizada. Uma hora de atraso. Os vereadores oposicionistas clamavam pela realização da eleição da mesa diretora e a vereadora Lorena afirmava que tinha prerrogativa de primeiro iniciar a comissão para extinguir o mandato da vereadora Wanessa.

De repente, o vereador Pablo Sales começar a gritar no plenário. Não há decisão nenhuma no TJ-MA derrubando a decisão do Dr. Alessandro Bandeira. Ele afirmava em alto e bom som que Lorena tinha mentido para ganhar tempo e tentar criar a comissão. Parece que Pablo consultou o site do TJ-MA. Foi o início de muito bate-boca e xingamentos. A galeria também participava dos enxovalhos.

Os vereadores oposicionistas voltavam a exigir a eleição da Câmara, no entanto, a presidente Lorena, diante de extrema pressão, mantinha um controle emocional que me espantava. Parecia que não era com ela. Os vereadores exigiram que o tenente responsável pelo comando dos policiais que estavam guarnecendo a Câmara prendesse a vereadora Lorena por desacatar uma ordem da justiça. Acuado, o tenente solicitou que a vereadora Lorena desse início a votação, do contrário, poderiam levá-la detida.

Lorena iniciou a sessão de votação da Mesa Diretora; mas antes da votação em si, ela abriu espaço para os vereadores usarem a Tribuna. Nesse tipo de sessão, é um ato corriqueiro, normal, no entanto, isso irritou os colegas oposicionistas, porque eles queriam que iniciasse a votação naquele momento e não perdesse tempo com discursos. Os vereadores Ananias e Professor Nascimento pediram para falarem na tribuna. Ananias fez um demorado discurso, seguiu-se o professor Nascimento. Os vereadores da oposição, irritados, gritavam com os colegas da situação, denunciando que os discursos eram manobras para dá tempo de chegar uma liminar do TJ-MA.

E, no meio do discurso do vereador Nascimento, de fato, chegou a liminar. Lorena Coelho interrompeu a fala do colega e leu a liminar que suspendia a decisão do Juiz Alessandro Bandeira. Ela também informou que daria início a comissão para decidir sobre a extinção do mandato da vereadora Wanessa pela questão de faltas a sessões da Câmara, e somente depois que iria concluir a sessão de votação.

Os vereadores oposicionistas partiram para cima da presidente; muito bate-boca; ameaças; dedo em riste; clima pesado, um vereador quebrou o microfone, em dado momento, imaginei que Lorena seria agredida. Estava claro que a sessão não terminaria bem.

Lorena chamou a imprensa para perto e leu a liminar integralmente; de acordo coma leitura, uma desembargadora do Tribunal de Justiça concedeu a ela uma liminar suspendendo a liminar do Dr. Alessandro, e em seguida, iniciou a comissão; em poucos minutos, Lorena decretou que o mandato de vereadora de Wanessa fosse extinto; e bastou isso para uma confusão generalizada; a galeria ameaçava a todo instante invadir o plenário.

Lorena convocou o suplente para assumir o mandato, Pablo Sales se colocou na porta e afirmou que o suplente não entraria no plenário. O suplente foi atravessando a galeria em direção ao plenário; populares foram em cima dele e uma grande confusão se formou; a divisória com peças de vidros foi derrubada; a polícia foi em cima com spray de pimenta. Não demorou e a galeria e parte do plenário estava destruído.

Assista ao vídeo

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A queda da divisória atingiu o vereador Pablo Sales. Ele foi atingido no rosto. Vidros feriam o nariz e a testa do vereador. Pablo foi retirado da Câmara e levado a uma clínica onde recebeu dezenas de pontos nos dois ferimentos. Durante a confusão, o vereador Marcão ficou nervoso, jogou-se ao chão, temendo tiroteio; ele ficou extremamente nervoso e foi levado para a sala da presidente, onde recebeu atendimento de uma enfermeira.

 

A polícia esvaziou o prédio da Câmara com rapidez; ficou apenas alguns vereadores e a imprensa. O cheiro terrível do spray de pimenta afetou todos.

Após os incidentes, a vereadora Lorena e os colegas vereadores da situação decidiram continuar a sessão no gabinete da presidência da Câmara. Ela empossou o suplente Gilberto no lugar de Wanessa e deu início a votação para a mesa diretora. Nesta eleição, sem a presença dos vereadores da oposição, Lorena foi reeleita presidente da Câmara com sete votos: Marcão, Thiago Sá, Professor Nascimento, Eurico, a própria Lorena e Gilberto.

Os vereadores oposicionistas haviam deixado a Câmara, em decorrência de dois fatos: A mãe do vereador Ariel do Crediário havia passado mal devido aos incidentes, temendo pela vida do filho; Ariel, acompanhado de alguns vereadores, foi tranquilizar sua mãe. Outros vereadores oposicionistas acompanharam Pablo Sales a clínica, preocupado com o estado de saúde do colega.

Assim que souberam da votação, os vereadores oposicionistas decidiram também realizar uma votação, aberta, em praça pública; nesta votação eles elegeram por unanimidade entre eles, o vereador Moisés do Lago Preto. Participaram desta eleição os vereadores Pablo Sales, com dois curativos imensos no rosto, Ariel do Crediário, Julyfran Catingueiro, Zé Orlando, Wanessa Venceslau e o próprio Moisés.

 

Portanto, depois de tantas e tantas confusões, foram realizadas duas eleições, atas foram lavradas e o resultado tornado público:

No gabinete da presidente Lorena Coelho foi reeleita;       

 

Em uma praça de Lago da Pedra, o vereador Moisés do Lago Preto foi eleito presidente.

Não tenha dúvida, a decisão final ficará nas mãos da JUSTIÇA. 

Vereador Marcão, sendo atendido no gabinete