Ministério Público Eleitoral pede a cassação do prefeito de Bela Vista por abuso de poder nas eleições de 2016
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MP quer cassar esse diploma |
Ao dar seu parecer na ação em que pede a cassação de
Orias Mendes, prefeito de Bela Vista do Maranhão, a Promotora Eleitoral de
Santa Inês pediu a cassação do mandato de Orias Mendes e Vanusa Moraes.
Na ação, movida pelo candidato Augusto Filho (PSDB), o
prefeito é acusado de compra de votos e abuso do poder político decorrente do
fato de que no ano da eleição (2016) contratou sem concurso público mais de 260
funcionários, o que desequilibrou a disputa eleitoral, vencida por Orias Mendes
por apenas 49 votos.
Sobre a compra de votos, disse Promotora Eleitoral:
“Neste sentido, provado no processo que o candidato [Orias Mendes] trilhou sua
caminhada eleitoral rumo à vitória, captando ilicitamente, de forma dolosa e
intencional, a vontade do eleitor, outra saída não paira à Justiça Eleitoral
senão aplicar-lhes os rigores da lei, afastando, enfim, do cenário político a pessoalidade,
o clientelismo e o amesquinhamento do voto.”
Em relação às muitas contratações no período eleitoral,
que é crime eleitoral, o parecer foi mais incisivo:
“A contratação de
servidores dentro deste lapso temporal (período eleitoral), em si, já acarreta
indícios de captação ilícita de votos. A contratação para empregos públicos sob
simples alegação de demanda para o cargo sem, contudo, demonstrar tal
necessidade, não exclui os indícios de fins eleitoreiros deste ato, pois de
modo, valer-se-ia para captar votos sem que fosse responsabilizado.”
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“Vê-se, pois, que ação de investigação eleitoral proposta
com fundamento no evidente abuso de poder de autoridade cometido pelo primeiro
representado, Orias de Oliveira Mendes, o qual durante o período eleitoral de
2016, estando no cargo de Prefeito Municipal de Bela Vista do Maranhão,
ofereceu e concedeu, por intermédio de sua irmã Loídes e do então Secretário
Municipal de Administração Jackson Sansão, vários empregos públicos em troca de
votos, merece prosperar.
“Além de assédio moral, o que configura abuso de poder, o
primeiro representado ainda utilizou da concessão de empregos públicos [para]
angariar votos para si.”
Desta feita, concluída a instrução processual,
verifica-se que o abuso de poder de autoridade restou absolutamente comprovado
nos autos, posto que de acordo com os elementos colhidos no bojo dos autos e
principalmente na fase judicial, o representado Orias de Oliveira Mendes agiu
com nítido abuso de poder de autoridade, exigindo das pessoas que contratava
que manifestassem apoio à sua candidatura”.
A posição adotada pelo Ministério Público Eleitoral
confirma a tese sustentada pelos Advogados de Augusto Filho (PSDB) para quem
“não há dúvidas que aqueles agraciados com os empregos, sem concurso, sem concorrência,
nutrem o sentimento de gratidão por aquele que lhes beneficiou, sendo o
“pagamento” desse favor, em período eleitoral, não outra coisa, senão o VOTO.
Ainda mais em cidades pequenas, com poucas oportunidades de trabalho, de sorte
que VOTAR no prefeito, candidato a reeleição, seria a esperança de manter seu
emprego após a eleição.”
“É patente que todos esses “contratados” engrossavam as
folhas de pagamento (formais ou informais) do município, às custas de dinheiro
público, com sério desequilíbrio nas eleições de 2016 de Bela Vista do
Maranhão, onde o eleito, o investigado Orias Mendes, obteve a mísera vantagem
de 49 (quarenta e nove) votos sobre o investigante, o que representa uma
vantagem de 0,68%, sendo oportuno o registro de que os investigado obtiveram
tão somente 40,50% do votos válidos do município.”
“O grande número de contratações em relação à quantidade
de votos que traduzem a vantagem obtida pelo investigado Orias Mendes conduz à
inexorável conclusão da existência de injusto desequilíbrio da disputa
eleitoral, a justificar a condenação dos investigados à perda do registro ou
diploma em razão do uso abusivo do poder político.”
Com a vasta apresentada pela acusação e o aval do
Ministério Público Eleitoral, a situação de Orias Mendes, que venceu a eleição
em Bela Vista do Maranhão com apenas 0,68% de vantagem, não é nada boa, podendo
ser cassado nos próximos dias pela Juíza Eleitoral de Santa Inês.
Além do processo na Justiça Eleitoral, Orias Mendes
enfrenta ainda graves acusações de desvios de recursos públicos da educação,
onde o Ministério Público Federal também pede sua cassação por ato de
improbidade administrativa.
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