Governo começa a demitir aliados de deputados ‘infiéis’
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O
governo exonerou o superintendente do Dnit (Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes) em Santa Catarina como punição ao deputado
Jorginho Mello (PR-SC), que votou contra o presidente Michel Temer na Câmara na
última quarta-feira (2).
O
engenheiro Vissilar Pretto ocupava o comando do órgão desde abril de 2014,
apadrinhado por Mello. A portaria com a exoneração do superintendente foi
publicada nesta sexta-feira (4) no Diário Oficial da União.
Fontes
do Palácio do Planalto confirmaram que trata-se de uma retaliação a deputados
da base aliada que votaram a favor da denúncia por corrupção passiva contra
Temer encaminhada pela Procuradoria-Geral da República. O governo conseguiu
rejeitar a denúncia no plenário, mas 89 parlamentares de partidos governistas
votaram contra o presidente.
Dos
39 deputados do PR, nove votaram contra o relatório que recomendava a rejeição
da denúncia –ou seja, votaram contra Temer. Jorginho Mello foi um deles. “Sou a
favor de toda e qualquer investigação. Peço vênia a meu partido e voto não ao
relatório”, declarou o deputado no plenário na quarta-feira.
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O PR
comanda o Ministério dos Transportes e distribuiu as superintendências
regionais do Dnit entre seus parlamentares. O órgão realiza obras em estradas,
consideradas um ativo eleitoral importante para muitos deputados.
Mello
é o único deputado do PR em Santa Catarina. Ele participava de inaugurações e
vistorias ao lado de Pretto, e divulgava notícias que vinculavam seu nome às
ações do Dnit no Estado.
A
cúpula do partido pressiona o governo para demitir outros aliados dos deputados
que “traíram” Temer no plenário, para que os cargos possam ser distribuídos aos
parlamentares “fiéis”. Uma das vagas em questão é a diretoria de Administração
e Finanças do Dnit, cujo atual ocupante foi indicado pelo deputado Wellington
Roberto (PR-PB), que também votou contra Temer.
CENTRÃO
Os
partidos da base aliada de Temer que votaram em massa a favor do presidente
aumentaram a pressão por cargos ocupados pelos chamados infiéis. Eles ameaçam
travar a discussão da reforma da Previdência e até retirar apoio ao presidente
na votação de uma provável segunda denúnciaapresentada pela PGR.
O
principal alvo das reclamações é o PSDB, que ocupa quatro ministérios e cargos
em escalões inferiores, mas entregou menos da metade de seus 46 votos a favor
de Temer.
Horas
depois da vitória do governo na Câmara, dirigentes do PMDB e de siglas do
chamado centrão mandaram recados ao Planalto para exigir uma recompensa
imediata pela fidelidade demonstrada no placar de 263 votos.
Além
do partido do presidente, o bloco formado por PP, PR, PSD, PTB, PRB e outras
legendas reclama de “sinais trocados” enviados pelo Planalto nos últimos dias,
que demonstrariam um recuo em promessas de reorganização dos cargos ocupados
pela base.
Folha.com
Pedro
Ladeira/Folhapress
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