Juros ao consumidor disparam em 2021 e dificultam pagamento de dívidas
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A taxa básica de juros da economia era de 2% ao ano em janeiro. Para tentar frear a inflação, o Banco Central foi aumentando a Selic, que chegou a 9,25% em dezembro.
Para o consumidor, os juros dispararam em 2021, e pagar as dívidas ficou muito mais difícil.
Gabriela Marinho teve que renunciar às compras de Natal por causa das dívidas: “Eu peguei para pagar algumas contas, que eu estava ganhando pouco no meu antigo trabalho. Foi também para fazer algumas compras para casa. Enfim, eu e meu marido, a gente estava desempregado na época, então foi mais por isso mesmo.”
A atendente desempregada, assim como muitos brasileiros, sofre com o impacto dos juros. A taxa básica de juros da economia era de 2% ao ano em janeiro. Para tentar frear a inflação, a Selic foi aumentando e chegou a 9,25% em dezembro.
Os juros ao consumidor, que já eram muito altos, dispararam ao longo do ano. Tudo isso num cenário de economia retraída, mercado de trabalho deteriorado e salários baixos. Uma tentativa do governo de frear a inflação.
O Banco Central aumentou a taxa básica de juros para o nível mais alto desde julho de 2017. Quem parcela a fatura do cartão de crédito ou usa o cheque especial sente no bolso o peso dos juros, que estão nas alturas.
Gabriela pegou R$ 2 mil emprestado no banco e agora está procurando emprego para tentar saldar a dívida. Em dois anos, o total chega a quase R$ 5 mil.
“Se Deus quiser, eu passei numa entrevista agora, vai dar tudo certo. Eu quero pagar minhas dívidas e sair dessa”, afirma.
Os juros do sistema rotativo do cartão de crédito chegaram a 346% ao ano; os do cheque especial passaram de 129%.
O coordenador do MBA em Gestão de Finanças da FGV, Ricardo Teixeira, diz que é preciso fazer contas para saber se o empréstimo se encaixa no orçamento e lembrar que os juros aumentam sempre que a Selic sobe.
“A primeira coisa que você tem que levar em consideração é quanto você está ganhando com relação aos juros que você está pagando. A gente está tendo a Selic que está sendo elevada para conter a inflação, isso é correto, mas não necessariamente o seu salário, para quem é assalariado, está acompanhando esse aumento da taxa Selic”, explica.
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