O Pastor e os Lobos

Recentemente conversei com um amigo que trabalha no Palácio, portanto, muito entendido em política. Ele, sem mais nem menos, puxou assunto sobre o Pr. Bel. Isso mesmo, do homem que pastoreou o rebanho da Assembleia de Deus de Poção de Pedras por longos nove anos. Pr. Bel é atualmente pastor presidente da Assembleia de Deus de Lago dos Rodrigues.

Segundo esse amigo entendido de política, Pr. Bel foi decisivo para a eleição vitoriosa de Lobão ao Senado em 2010.

Vou expor o que desse esse amigo e os leitores do Blog poderão concordar ou não.

O pastor anunciou que se candidataria ao Senado da República e como base eleitoral principal para alcançar esse objetivo, contava com a votação maciça dos evangélicos. O religioso não ficou parado esperando o milagre dos votos caírem do Céu como o maná no deserto. Sozinho, saiu em peregrinação, visitando quase todos os municípios maranhenses, anunciando sua candidatura e empolgado os evangélicos com o nome dele.

Depois montou uma base de divulgação em Poção de Pedras, organizando excursões de evangélicos a São Luís e outras regiões para proclamar o nome de um pastor evangélico candidato ao Senado da República, ele próprio, Pr. Bel. A campanha ganhava força, entusiasmava os crentes!

Naquela eleição em 2010, havia dois candidatos fortes, disputando uma vaga no Senado pelo Maranhão: Edson Lobão, ex-governador do Estado e várias vezes eleito senador. O outro candidato era Roberto Rocha, diversas vezes reeleito deputado federal e filho de um ex-governador. A disputa era feia entre os dois.

E no meio desse quadro acirrado, onde a briga pelo voto era grande, apareceu o pastor da Igreja Assembleia de Deus de Poção de Pedras, muito entusiasmados, com fé nessa vitória impensada, arregimentado admiradores da campanha para onde ia e, conquistando mais eleitores propensos a votarem em Lobão do que em Roberto Rocha.

A situação era o seguinte: Pr. Bel não ganharia o pleito, mas caso a candidatura dele fosse até o fim, fatalmente levaria a candidatura de Edson Lobão ao malogro. Os governistas que apoiavam Lobão a época, perceberam o avanço de Bel em todo Estado. Aonde o religioso chegava, uma multidão se formava. Acredito que os evangélicos de Poção de Pedras que participavam daquelas excursões se lembram dos dias eletrizantes de pré-candidatura eleitoral: Bel era uma sensação!

Como disse anteriormente, caso o Pr. Bel continuasse com sua candidatura, ele não venceria, mas o senador que seria eleito, era  Roberto Rocha, tamanho o buraco eleitoral que Pr. Bel provocaria na campanha de Lobão.

O que aconteceu depois não sabemos. Mas, imagino que a governadora Roseana Sarney e o próprio Lobão convenceram Pr. Bel a desistir de sua candidatura ao Senado, e em troca, ele ficou na suplência do senador. Outra informação é que no jogo de bastidores, barraram a candidatura do Bel, impedindo sua filiação partidária. Ele não teve como dar seguimento a sua candidatura.

Com a desistência de Bel, Lobão seguiu tranquilo em sua candidatura. Reelegeu-se Senador. Edinho Lobão continuou como seu primeiro suplente e Bel foi agraciado com o cargo de segundo suplente do Senador Lobão. Eleito mais uma vez, Lobão se licenciou do Senado e voltou ao comando do Ministério de Minas e Energia e o filho dele, Edinho Lobão, reassumiu a titularidade do cargo de senador. Há dois anos, quando Edinho sofreu um grave acidente e ficou semanas impossibilitado de assumir suas funções como senador, nem ele e nem o pai dele, tiveram o cavalheirismo de convidar o Pr. Bel para assumir o cargo por algumas semanas. Edinho Lobão acreditou na mídia que escandalizaram uma informação sem pé e nem cabeça que o Pr. Bel teria comemorado o acidente que sofreu. Edinho não pediu licença e quase foi ao Senado em cima de uma maca, apenas para não entregar o cargo ao segundo suplente, o Pr. Bel, por alguns dias. Legalmente e moralmente, Pr. Bel tinha que assumir, mas os Lobãos não deixaram.

“O Pr. Bel nunca foi reconhecido pelos Lobãos, mas com todo sinceridade, se ele tivesse sido candidato a Senado da República até o fim, nem Lobão e nem Lobinho estariam onde estão hoje!” – concluiu o meu amigo que trabalha no Palácio da Governadora.

O Pastor Bel foi esquecido, todavia está chegando a hora de lembrarem-se dele.