Falsificação e perigo
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Tudo indica que está havendo
um derrame de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) falsas em São Luís. A
evidência mais recente foi a apreensão, pela polícia, de seis documentos desses
em um intervalo de apenas 60 dias na área Itaqui-Bacanga. Além de demonstrar a
astúcia dos golpistas, a falsificação em série de CNHs representa risco grave à
sociedade, pois possibilita que indivíduos sem aptidão comprovada para dirigir
dividam as vias de tráfego com os condutores devidamente habilitados, tornando
o trânsito caótico da capital ainda mais sujeito a acidentes.
Continua...
A apreensão das CNHs
falsificadas na área Itaqui-Bacanga é algo sintomático. Isso porque é
justamente nessa região de São Luís que ocorre em maior escala a exploração do
serviço de táxi-lotação, atividade clandestina que vem servindo de meio de
sobrevivência para muitos. É preciso que as autoridades investiguem se há uma
relação entre uma coisa e outra. Se comprovada a vinculação, o problema
torna-se ainda mais sério, pois significa que milhares de passageiros vêm sendo
transportados por pessoas sem qualificação para exercer tal trabalho.
O Estado apurou que em 2013
o Instituto de Criminalística (Icrim) produziu mais de 200 laudos atestando
fraude em documentos. A maioria eram CNHs falsificadas, outro dado a reforçar o
aumento desse tipo de golpe em São Luís. Portanto, as forças de segurança
pública já têm conhecimento do problema, comprovado tecnicamente por órgão
competente.
Por falar em técnica, chama
a atenção o método utilizado pelos fraudadores para falsificar os documentos,
que mistura oportunismo e tecnologia. Na falsificação, os golpistas usam
carteiras de habilitação originais roubadas, furtadas ou perdidas e com o
auxílio de uma máquina apagam os dados do titular e inserem informações de
outra pessoa. O golpe só não é perfeito porque o número de série da CNH
permanece o mesmo, pois não pode ser deletado, o que torna possível a
identificação da fraude por alguém treinado para isso.
O Departamento Estadual de
Trânsito (Detran), responsável pela emissão das CNHs, também confirma o número
elevado de falsificações. E orienta os condutores que tiverem o documento
roubado, furtado ou perdido a registrar boletim de ocorrência, cientificando a
polícia sobre a existência na praça de um documento passível de fraude. Outra
recomendação aos motoristas é extraviar a CNH antiga tão logo se obtenha a
renovação da carteira de habilitação. Uma vez adotados, essas precauções
dificultam o golpe.
Uma CNH falsificada pode
custar até R$ 1 mil, dependendo da sofisticação da fraude. O número crescente
de apreensões indica que esse tipo de ilegalidade está em franca expansão. Para
contê-la, é preciso adotar uma série de procedimentos. O principal deles é
disseminar à sociedade informações sobre a prática criminosa, inclusive por
meio de campanhas de orientação. Só assim o trânsito, já desordenado ao
extremo, estará livre de mais esse incômodo.
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De O Estado
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