Contadora de doleiro revela à PF suposto suborno no governo do MA
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Reportagem do Jornal Nacional
Assista a reportagem aqui. |
JN teve acesso ao depoimento
de Meire Poza. Segundo a PF, ela disse que integrantes do governo do MA
receberam propina para antecipar precatórios.
O Jornal Nacional teve
acesso ao conteúdo de um depoimento de Meire Poza, contadora do doleiro Alberto
Youssef, que foi um dos presos na operação Lava Jato. Segundo a Polícia
Federal, a contadora revelou um esquema de suborno, envolvendo pagamentos judiciais,
o doleiro, uma construtora e integrantes do governo do Maranhão.
O depoimento foi prestado na
quinta-feira (7) à Polícia Federal, em Curitiba. Meire Poza é contadora da GFD
que, segundo a Polícia Federal, é uma das empresas de Alberto Youssef. Ela decidiu
contar aos investigadores o que sabe sobre as operações financeiras do doleiro
e de suas empresas.
Continua...
Segundo a contadora, a
construtora Constran pediu que Alberto Youssef subornasse o governo do Maranhão
oferecendo R$ 6 milhões. Em troca, a empresa furaria a fila desses pagamentos
judiciais e receberia, antecipadamente, R$ 120 milhões em precatórios, que são
dívidas de governos reconhecidas pela Justiça. Por ter negociado o acordo,
Youssef receberia R$ 12 milhões.
Depois da suposta
combinação, o governo estadual começou a liberar as parcelas do precatório, no
valor de R$ 4,7 milhões cada uma. Até
agora, foram pagos R$ 33 milhões. A última parcela, de acordo com o portal da
transparência do Maranhão, foi paga no dia seis.
Segundo a contadora, para
combinar os detalhes da operação, houve uma reunião no dia 10 de setembro do
ano passado, da qual participaram João Guilherme, da Casa Civil do Maranhão; um
assessor identificado por ela como Bringel; a presidente do Instituto de
Previdência do Estado, que arcaria com os riscos da operação, Maria da Graça
Marques Cutrim; e uma procuradora do estado chamada Helena Maria Cavalcanti
Haickel.
No depoimento, a contadora
afirmou que o governo do Maranhão mantinha Alberto Youssef sob pressão para
receber a propina. E que, se o suborno não fosse pago integralmente, as
parcelas do precatório seriam suspensas. Youssef foi preso, em São Luís, em
março deste ano. Segundo Meire, ele esteve na cidade no dia 17 de março para
pagar propina a pessoas da alta administração do governo estadual.
Fotos do relatório da
Polícia Federal, do mesmo dia, mostram Youssef em um hotel com um homem
identificado como Marco Antônio de Campos Ziegert. Youssef chegou com duas
malas. Marco Ziegert, com uma. Os dois se hospedaram em andares diferentes. Às
3h29 da manhã, Youssef foi ao andar de Marco levando uma mala. E às 3h39,
entrou no elevador sem a mala. Às 10h47 do dia seguinte, Marco deixou o hotel,
segundo a Polícia Federal, com a mala entregue pelo doleiro.
A contadora disse que
Youssef estava naquele dia com parte da propina, R$ 1,4 milhão em dinheiro
vivo. E que, segundo a PF, foi entregue a uma pessoa identificada como Marcão.
Segundo o relatório da PF,
Marcos Ziegert deixou uma caixa na recepção do hotel para ser entregue a Milton
Braga Durans, assessor da Casa Civil do governo Roseana Sarney. Ainda segundo a
PF, Milton esteve no hotel dias depois para pegar a caixa.
Além do doleiro, a contadora
também cita Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades Mário
Negromonte. Ela diz que Adarico contou que foi ao governo do Maranhão entregar
R$ 300 mil, que seriam parte do acordo. Segundo Meire, um assessor teria dito a
Adarico que o valor era pouco e que teria que consultar a governadora Roseana
Sarney.
A Justiça Federal do Paraná
vai encaminhar as informações ao Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe
fazer apurações de denúncias envolvendo governadores.
Em relação ao precatório
pago à Constran, o governo do Maranhão afirmou que apenas cumpriu o que foi
decidido pela Justiça do estado e por Tribunais Superiores Federais, de acordo
com a lei e sem nenhum favorecimento. A governadora Roseana Sarney declarou que
jamais teve conhecimento de pagamento de propina a funcionários do governo.
A secretária adjunta de
Gestão e Previdência, na época, Maria da Graça Marques Cutrim, disse que foi a
uma reunião como convidada - e que os participantes fizeram uma proposta de
criação de um fundo de investimentos. Mas, segundo ela, o governo do Maranhão
não poderia participar - porque só faz aplicações no Banco do Brasil.
Segundo o governo do
Maranhão, João Guilherme Abreu não é mais da Casa Civil. Ele e a procuradora do
estado Helena Maria Cavalcanti Haickel não foram encontrados para falar do
assunto.
O Jornal Nacional não
conseguiu contato com nenhum representante da empresa Constran. Os demais citados pela contadora também não
foram encontrados.
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