Ministro do STF afasta Renan Calheiros da presidência do Senado
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Em decisão liminar, Marco Aurélio Mello argumentou que,
por ser réu, Renan Calheiros não pode estar na linha de sucessão da Presidência
da República.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello concedeu liminar
(decisão provisória) na ultima segunda-feira (5) para afastar Renan Calheiros (PMDB-AL) da
presidência do Senado. Ele, porém, mantém o mandato de senador.
O ministro atendeu a pedido do partido Rede
Sustentabilidade e entendeu que, como Renan Calheiros virou réu no Supremo, não
pode continuar no cargo em razão de estar na linha sucessória da Presidência da
República.
"Defiro a liminar pleiteada. Faço-o para afastar não
do exercício do mandato de Senador, outorgado pelo povo alagoano, mas do cargo
de Presidente do Senado o senador Renan Calheiros. Com a urgência que o caso
requer, deem cumprimento, por mandado, sob as penas da Lei, a esta
decisão", afirma o ministro no
despacho.
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Em nota enviada pela assessoria, Renan Calheiros disse
que só irá se manifestar sobre o afastamento após conhecer
"oficialmente" o inteiro teor da decisão liminar. A nota diz ainda
que o peemedebista consultará seus advogados sobre as medidas adequadas a serem
adotadas após a decisão de Marco Aurélio que, segundo Renan, foi tomada
"contra o Senado Federal".
Renan Calheiros ainda pode recorrer ao plenário do
Supremo. Além disso, a ação ainda terá que ser analisada pelo plenário da Corte
mesmo sem o recurso do peemedebista, mas isso ainda não tem data para ocorrer.
Com o afastamento do peemedebista da presidência, o
senador oposicionista Jorge Viana (PT-AC), primeiro-vice-presidente do Senado,
assumirá o comando da Casa. Renan e o petista se encontraram à noite, na casa
do senador.
O afastamento efetivo de Renan Calheiros só ocorrerá após
a entrega de uma notificação, assinada pelo ministro Marco Aurélio, no Senado.
Até o início da noite desta segunda, o documento ainda estava sendo produzido
pela secretaria judiciária do STF. Segundo apurou o G1, Marco Aurélio Mello
estaria disposto a assinar o documento ainda na noite desta segunda, a fim de
enviá-lo ao Senado.
Renan marcou de receber a notificação nesta terça, às
11h, no Senado. Por volta das 21h30 desta segunda, um oficial de Justiça chegou
à residência oficial do Senado, onde mora Renan Calheiros, dizendo: “Vim
entregar a decisão do ministro”. O homem passou pelo portão e ficou aguardando
ser recebido na porta da casa. Passados dois minutos, uma mulher apareceu na porta
da residência e conversou com o oficial de Justiça, que foi embora sem falar
com a imprensa.
Réu no STF
Na semana passada, o plenário do Supremo decidiu, por
oito votos a três, abrir ação penal e tornar Renan réu pelo crime de peculato
(apropriação de verba pública).
Segundo o STF, há indícios de que Renan fraudou
recebimento de empréstimos de uma locadora de veículos para justificar
movimentação financeira suficiente para pagar pensão à filha que teve com a
jornalista Mônica Veloso.
A Corte também entendeu que há indícios de que Renan
Calheiros usou dinheiro da verba indenizatória que deveria ser usada no
exercício do cargo de Senador para pagar a locadora, embora não haja nenhum
indício de que o serviço foi realmente prestado.
Além da ação penal por peculato, Renan Calheiros é alvo
de outros 12 inquéritos no STF, sendo oito no âmbito da Operação Lava Jato. Em
um dos inquéritos, ele já foi denunciado pelo Ministério Público. O STF, porém,
ainda não analisou a denúncia.
No último domingo (4), Renan foi o principal alvo das
manifestações de rua que reuniram milhares de pessoas em todos os 26 estados
mais o Distrito Federal. Os atos, em apoio à Operação Lava Jato e ao projeto de
dez medidas de combate à corrupção, foram registrados em pelo menos 82 cidades.
Réu na linha de
sucessão
Antes, em novembro, o Supremo começou a julgar ação
apresentada pela Rede sobre se um réu pode estar na linha sucessória da
Presidência.
Para seis ministros, um parlamentar que é alvo de ação
penal não pode ser presidente da Câmara ou presidente do Senado porque é
inerente ao cargo deles eventualmente ter que assumir a Presidência.
O julgamento, porém, não foi concluído porque o ministro
Dias Toffoli pediu vista, ou seja, mais tempo para analisar o caso.
Apesar de o julgamento não ter sido concluído, a Rede
argumentou no pedido de afastamento de Renan que isso não impedia Marco Aurélio
Mello de analisar a liminar. O partido lembrou que isso já aconteceu em outros
casos, de um ministro pedir vista sobre um tema e outro conceder liminar sobre
o mesmo tema.
Decisão
O ministro Marco Aurélio destacou, em sua decisão, que a
permanência de Renan Calheiros na presidência do Senado após virar réu
compromete a segurança jurídica. Ele lembrou que seis ministros do Supremo já
decidiram que um réu não pode ocupar cargo que esteja na linha sucessória, mas
frisou que o julgamento ainda não foi retomado.
"O que não havia antes veio a surgir: o hoje
Presidente do Senado da República, senador Renan Calheiros, por oito votos a
três, tornou-se réu [...]. Mesmo diante da maioria absoluta já formada na
arguição de descumprimento de preceito fundamental e réu, o Senador continua na
cadeira de Presidente do Senado, ensejando manifestações de toda ordem, a
comprometerem a segurança jurídica", disse o ministro.
Segundo ele, a decisão liminar de afastamento visa
implementar provisoriamente decisão já tomada pela maioria do Supremo.
"Urge providência, não para concluir o julgamento de
fundo, atribuição do Plenário, mas para implementar medida acauteladora, forte
nas premissas do voto que prolatei, nos cinco votos no mesmo sentido, ou seja,
na maioria absoluta já formada, bem como no risco de continuar, na linha de
substituição do Presidente da República, réu, assim qualificado por decisão do
Supremo", argumenta Marco
Aurélio Mello.
Fonte: OGlobo
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