Milhares de mulheres relatam problemas para receber o benefício emergencial da Caixa

O blog entrevistou uma das representantes dessas mulheres que estão prejudicadas pela falta do recurso neste período de pandemia 

Letícia, 22 anos, jovem do Rio de Janeiro, prejudicada pela Caixa, tem usado os grupos da rede social para ajudar milhares de mulheres em todo o Brasil que lutam para receber o benefício emergencial 

O Blog do Carlinhos foi procurado por várias mulheres que não receberam o auxílio emergencial pago pelo Governo Federal através da Caixa. A maioria são mães e beneficiárias do Bolsa Família, sem renda e sem carteira assinada. Para se organizarem e divulgar a causa, elas participam de dezenas, talvez centenas de grupos no Whatsapp com mais de 250 mulheres, Brasil a fora, que necessitam do auxílio; a maioria delas afirma que estão recebendo apenas a quantia do Bolsa Família sem os R$ 600 do auxílio emergencial. No meio dessa pandemia, presas em casa, o recurso emergencial tem feito muita falta. 

Confira a entrevista que o Blog fez com Letícia, moradora do Rio de Janeiro e representante do grupo que conta com mulheres de todo o Brasil.

Blog do Carlinhos - Qual é a finalidade desse grupo?

Letícia - A finalidade é procurarmos respostas do governo sobre o porquê de não recebermos o auxílio emergencial, sendo que somos beneficiárias do Bolsa Família e atendemos a todos os requisitos para receber o auxílio. Queremos saber porquê só recebemos apenas o valor do Bolsa Família normal sem a quantia prometida do auxílio da Caixa e também queremos entender o porquê de pessoas que têm carteira assinada conseguirem receber o auxílio, enquanto nós não!

A maioria aqui são mães que precisam de uma resposta e posicionamento urgente do governo!

B. C. - Como vocês conseguiram reunir em grupos de Whatsapp centenas de mulheres de vários estados para esse propósito?

Letícia -  Quando eu vi que tinha pessoas passando a mesma situação que eu, fiz o grupo e compartilhei o link.

B. C. - Pelo contato que você tem, como é o perfil das mulheres que aderem a causa? São mães solteiras e desempregadas?

Letícia - A maior parte do grupo é composto por mães solteiras e desempregadas, mães que estão passando extrema necessidade com seus filhos, todos os dias elas desabafam no grupo, algumas não tem nem o que dar de comer para os filhos, outras estão com muito medo da comida acabar e não ter dinheiro para comprar mais.

B. C. - O que relatam?

Letícia - Todas relatam quase a mesma história, a maioria com cartões de Bolsa Família com último dígito Nis 1, Nis 2 e Nis 3 principalmente. Elas chegaram para sacar o auxílio emergencial na Caixa Econômica e só tinha o valor normal do Bolsa Família, ligam para 111 e cada hora falam uma coisa diferente. Ao pedirem informações na Caixa, eles dizem que não têm informações e ficamos sem saber o que fazer!

B.C. - De que forma a união de todas essas mulheres em grupos fará com que se alcance esse objetivo?

Letícia -  É bem difícil a população ser notada pelos governantes, principalmente a parte mais carente, mas estamos tentando protestar pela internet para pelo menos ficarmos com a nossa consciência tranquila de que corremos atrás e fizemos alguma coisa pelo nosso direito, pois essas mães só estão nessa luta por que realmente precisam, não sabemos se vamos alcançar nossa meta ou não, mas pelo menos nos sentiremos úteis por ter feito o possível para termos respostas.

B. C. - Já conversaram com os entes governamentais (governo, Caixa Econômica, etc) sobre o problema?

Letícia - Buscamos informações por meio de ligações 0800, sac e ouvidoria da Caixa mas não obtivemos retorno positivo.

B. C. - Tem desconfiança de algo que esteja travando a saída do benefício emergencial para essas mulheres?

Letícia - Acreditamos principalmente que a Dataprev esteja errando muito nas análises, porque muitas pessoas que tem carteira assinada, recebem seguro-desemprego e pessoas que tem bens estão recebendo, enquanto famílias totalmente carentes estão passando necessidades e o governo não faz nada por isso, acreditamos que a Dataprev também tem um parcelamento de culpa por não analisar nossos dados corretamente e atrasar as análises!

B. C. - O que os responsáveis pela liberação desse benefício precisavam fazer para não prejudicar essas mulheres?

Letícia - Pagarem o que é nosso por direito, temos direito de receber o auxílio emergencial, só isso que queremos.

B. C. - Faça uma mensagem de apoio para mulheres que ainda não receberam esse recurso e estão aflitas com essa situação.


Letícia - Olha, eu acredito que não devemos desistir, acredito que o que estamos fazendo não é errado, errado é o que o Governo está fazendo conosco. Então eu digo principalmente para as mães, chefes de família que lutem pelo direito de vocês, vamos nos unir e nos apoiar. Eu desejo do fundo do meu coração que todas as mães que estão passando por necessidade hoje com seus filhos tenham vitória e consigam receber esse auxílio. Não desistam!

“Esse video eu fiz com algumas mulheres do grupo em forma de protestando, já tem bastante. Compartilhamento”, disse Letícia 

Informações da caixa