Ana do Gás conclama uma maior presença feminina nos parlamentos brasileiro
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Brasil
é o 156º colocado em ranking de presença feminina no Parlamento, atrás de todas
as nações das Américas
Participação da mulher na
política ainda é desafio. País não atinge sequer o mínimo de candidaturas
femininas nas eleições, analisa ONG
Apesar de representarem 51,95% do eleitorado
no país, o percentual de mulheres no Congresso Nacional não chega a 10%, de
acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por
exemplo, dos 513 deputados federais, 45 mulheres foram eleitas nas últimas
eleições gerais em 2010, o que representa 9% do total, conforme dados do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para a socióloga do Centro
Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Joluzia Batista, os números mostram
que não tem sido cumprida a norma de 2009 que obriga os partidos a destinarem
30%, no mínimo, das candidaturas às mulheres. Ela defende adoção da lista
alternada: 50% das candidaturas para homens e a outra metade para as mulheres,
além da reforma política.
Continua...
“Geralmente, as candidaturas
de mulheres, sobretudo essas de trajetória de luta popular e comunitária, não
são atraentes para o perfil dos financiamentos [de campanha]. Esse é um dado
crucial. Tanto é que defendemos a reforma do sistema político e uma das
questões é o financiamento público de campanha”, disse Joluzia.
De acordo com o TSE, em
outubro de 2010, o Brasil elegeu a primeira presidente da República, duas
governadoras e 134 deputadas estaduais. Nas eleições municipais de 2012, foram
eleitas 657 prefeitas (11,84%) e 7.630 vereadoras (13,32%).
A procuradora da Mulher no
Senado, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), também defende a reforma política como
forma de ampliar a participação feminina. A senadora reconhece que a presença
aumentou, mas ainda precisa melhorar. “Hoje, infelizmente, a cara do Parlamento
e da política brasileira é uma cara masculina. E ela tem que ser uma cara com
duas faces: um lado masculino e o outro feminino”, disse Vanessa. O Brasil está
na posição de número 156 no ranking da representação feminina no Parlamento,
entre 188 países, conforme levantamento que consta na cartilha “Mais mulher na
política: mulher, tome partido”, feita pela Procuradoria. Na comparação com 34
países das Américas, ocupa o 30º lugar.
Palavra
de homem: “País machista”
O presidente do TSE,
ministro Marco Aurélio Mello, ressalta que as mulheres ainda não estão
presentes na política como deveriam. “Infelizmente, nós estamos em um país
machista e a mulher acaba não participando, em termos de candidatura, como ela
deveria participar.”
A participação feminina na
política é antiga. Há 50 anos, quando foi instalada a ditadura militar no país,
elas se posicionaram contra. A militante Maria Amélia Teles foi uma das
primeiras a combater o regime. Ela foi presa junto com o marido, a irmã grávida
e os dois filhos. Hoje, integra a Comissão da Verdade de São Paulo e relembra o
período.
“É uma história de muita
violência e essa violência tem que ser também lembrada para que ela não se
repita, para que o Estado aperfeiçoe e consolide a democracia e não use desse
autoritarismo, desse terror”, afirma Maria Teles. “Foi um terror que o Estado
imprimiu em toda a sociedade com tamanha repressão, censura, perseguição.”
Sem
protagonismo
Em nota divulgada na
sexta-feira (7), a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres,
Eleonora Menicucci, avalia que o país ainda tem que avançar para ampliar a
representação feminina na política. “Ainda temos muito a conquistar: nessa
área, o protagonismo feminino é muito desproporcional ao exercido em todas as
outras.”
No entanto, ela ressaltou
que, em relação ao trabalho, as mulheres têm conquistado espaço em áreas até
então consideradas masculinas, como a mecânica e a construção civil. Para
Eleonora Menicucci, a presença da mulher no mercado de trabalho supera as
expectativas. “Dos 4,5 milhões de empregos com carteira assinada gerados no
governo da presidenta Dilma, 2,3 milhões foram ocupados pelo sexo feminino”,
destacou.
No comunicado, divulgado por
ocasião do Dia Internacional da Mulher, a ministra também comemora a redução de
mais de 50% da mortalidade materna no país, nos últimos 20 anos, e destaca os
esforços do Poder Público para combater a violência contra a mulher.
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