"Provem corrupção que eu irei a pé para ser preso"
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Em pronunciamento, Lula
rebate denúncia da Lava Jato e afirma que País vive "momento em que a
lógica não é o processo, mas a manchete"
Lula emocionou-se três vezes
ao longo do pronunciamento
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O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva rebateu nesta quinta-feira 15 a denúncia de corrupção e lavagem
de dinheiro feita contra ele pela força-tarefa da Operação Lava Jato no dia
anterior. Em pronunciamento em um hotel de São Paulo, Lula lembrou o passado
humilde, a história política, reafirmou sua inocência e afirmou que a ação
contra ele tem o objetivo "acabar"com a sua vida política.
Lula falou em um hotel no
centro de São Paulo, onde o PT reuniu seu conselho político. O ex-presidente
entrou no auditório sorrindo e cumprimentando seus companheiros. Aparentando
calma, fez piadas com Vágner Freitas, presidente da Central Única dos
Trabalhadores, e com o presidente do PT, Rui Falcão.
Ao seu redor estavam ainda
senadores e deputados petistas; o coordenador do Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto, Guilherme Boulos; Gilmar Mauro, do MST; Renato Rabelo, presidente do
PCdoB; entre outros.
Lula se disse
"indignado" com as acusações dos procuradores da Lava Jato e criticou
a "pirotecnia" da entrevista coletiva do Ministério Público Federal
na quarta-feira 14.
Continua...
“Eu não vou fazer um show de
pirotecnia, não quero me comportar como um cara perseguido ou como se estivesse
reivindicando algum favor. Esta é uma declaração de um cidadão indignado. Não
de um político, é um cidadão indignado com as coisas que aconteceram e estão
acontecendo no Brasil”, declarou.
"Descobri que tanto os
meus acusadores quanto uma parte da imprensa estão mais enrascados do que
pensam que eu estava", disse Lula sobre as denúncias. O ex-presidente
afirmou que foi construída uma mentira, "como se fosse um enredo de uma
novela".
"E está chegando o fim
do prazo, afinal, já cassaram o Cunha, elegeram o Temer indiretamente com o
golpe e cassaram a Dilma. Agora precisam concluir a novela e dizer quem é o
bandido e quem é o mocinho. "O fecho é acabar com a vida política do Lula.
Não existe outra explicação para a pirotecnia de ontem", disse.
Inocência
Lula se emocionou por três
vezes, a primeira delas ao afirmar sua inocência. Lula disse que ninguém
respeita as leis e acredita nas instituições mais do que ele e que prestaria
quantos depoimentos "forem necessários". "Eu conquistei o
direito de andar de cabeça erguida nesse país", afirmou Lula. "Provem
uma corrupção minha, que eu irei a pé para ser preso", disse.
Referindo-se ao processo do
Mensalão, Lula afirmou que tentaram fazer, em 2005, o que fizeram durante o
processo de impeachment. “O tratamento de uma parcela da mídia brasileira e do
poder Judiciário agiu do mesmo jeito. Faz pouco tempo, quem viveu aquele
período sabe , que o objetivo em 2005 era tirar o Lula”.
"Não tenho a vocação do
Getúlio para me dar um tiro, nem a do Jango para sair do Brasil. Se quiserem me
tirar, vão ter que disputar comigo na urna", afirmou, comparando-se com
outras figuras políticas como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek (“talvez a
única pessoa vítima de mais inquéritos do que eu”) e João Goulart.
Fazendo alusões à Tiradentes
e à Inconfidência Mineira, Lula disse que tentar desgastar sua imagem e suas
ideias é “bobagem”. Também citou os movimentos de ocupações de escolas em São
Paulo e os recentes protestos contra Michel Temer e a favor de novas eleições.
"Não se preocupem com o
Lula. Isso é bobagem. Essa meninada que proibiu o (governador) Geraldo Alckmin
de fechar escola em São Paulo, essa meninada que está indo pra rua reivindicar
democracia e mais educação, essa meninada é um Lula de 71 anos multiplicado por
milhões de Lulas jovens nesse país", pediu.
Afirmou que seus inimigos
pensam que, se tirarem o Lula, está resolvido. “Pelo contrário, vocês vão ter
problema com o golpe que deram, com o que querem tirar do povo trabalhador, de
tentar entregar nosso patrimônio às multinacionais, nosso pré-sal, nossa
Petrobrás”, criticou. “Assim, não precisa governar, é só colocar um vendedor”.
Lembrando que construiu sua
vida, ao longo de 71 anos, "comendo o pão que o diabo amassou", Lula
disse que não tem tempo de parar. "O país que eu sonho está longe de ser
construído. Subimos apenas um degrau, que estão tentando tirar da gente.
Vestido com uma camisa pólo
vermelha com a estrela do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente pediu para
que os petistas tenham "orgulho".
"Hoje eu vim com a
camisa do PT, como se fosse de time de futebol. Daqui pra frente, cada petista
desse país tem que começar a andar de camisa vermelha. Quem não gostar do PT,
coloca de outra cor, mas aos 36 anos de vida esse partido precisa ter orgulho,
porque ninguém fez mais do que a gente na história desse país", disse ele,
beijando a camisa.
Ação contra os procuradores
A defesa de Lula informou
que vai denunciar procuradores da Lava Jato ao Conselho Nacional do Ministério
Público por "graves desvios funcionais". Em seu discurso, o
ex-presidente também citou as acusações feitas pelos procuradores da Operação
Lava Jato, pediu para "procurarem de procurar casca onde não tem" e
criticou a criminalização da política.
Falando com "as pessoas
sérias do MPF", disse que estava à disposição. "O Lula não é maior do
que a lei. Quando eu transgredir a lei, me punam, mas quando eu não
transgredir, por favor, procurem outro para arranjar problema."
Ao final de sua fala, em
várias partes crítica à atuação da imprensa, Lula pediu isonomia no destaque
dado ao depoimento de hoje. "Espero que eu tenha o mesmo destaque dos meus
acusadores ontem. Só peço igualdade e oportunidade para que as pessoas possam
ouvir".
Carta Capital
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