São José dos Basílios, 20 anos: houve emancipação de fato?
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São José dos Basílios - MA |
Por Celso Nogueira e Marcos
Robério
Aos vinte anos dizemos que o
ser humano possui conhecimentos e habilidades suficientes para decidir o que é
melhor para si, pois nessa fase podemos, segundo estudiosos, avaliar melhor os
fatos históricos e de vida, demarcar acertos, erros e suas consequências e usar
com maior segurança os resultados dessas avaliações para decidirmos sobre o que
consideramos melhor ou pior para cada um de nós. A capacidade de realizar esse
diagnóstico e as escolhas que fazemos a partir dele influenciam em nosso futuro
positivo ou negativamente. Mas esse método utilizado por nós na vida pessoal
pode ser aplicado na vida de uma comunidade?
Continua...
A emancipação política de
São José dos Basílios, ocorrida através da Lei 6.156 de 10 de novembro de 1994
atendia a um sonho antigo da comunidade do povoado, que até então pertencia ao
município de Presidente Dutra. Na década de 60 a ideia de independência
econômica e política foi amplamente disseminada pelo vereador Orfileno Gomes de
Gouveia, pois tendo passado a residir em São José dos Basílios, começou a
defender a divisão do município de Presidente Dutra, pois para ele, a
viabilidade da “nova cidade de São José dos Basílios”, garantia-se pela força
da agricultura, uma vez que a fertilidade das terras e a abundância de água era
certeza de uma boa produção. Nesse intuito, e com claros interesses políticos,
Orfileno Gomes chegou a ir a Brasília defender a causa da independência
basiliense.
Os dados confirmam que ter
se tornado cidade não foi tão benéfico para a população quanto foi para os políticos
locais: Enquanto a população ficou a espera do desenvolvimento que não veio, os
políticos enriqueceram às custas do bem público e transformaram a cidade em uma
das menos desenvolvidas do estado
Após vinte anos da
emancipação no papel, os moradores da cidade São José dos Basílios ainda não
puderam ver de fato a emancipação política, econômica e social. Pois a
verdadeira emancipação política consiste na abertura do pensamento para a
necessidade da alternância de poder, na erradicação da política do favoritismo,
implantada pelo ex-prefeito Chico Riograndense e seus filhos, e na participação
do povo basiliense nas decisões que envolvem as questões locais; A emancipação
econômica se dá pela implantação de indústrias e pelo fortalecimento da
agricultura familiar e do extrativismo; Já a emancipação social está
diretamente ligada à educação e só acontece a partir da construção de um senso
crítico capaz de discernir quais os direitos e deveres de cada cidadão. Nesse
contexto o que vemos atualmente é a negação de direitos básicos, o silêncio e a
aceitação da população e a inversão dos valores, onde quem cobra seus direitos
é louco e quem os nega é sábio.
A independência econômica e
política sonhada por Orfileno Gomes em meados do século passado ainda não se tornou
realidade: Apenas deixamos de ser subordinados a Presidente Dutra e passamos a
ser dominados pelos homens de Dom Pedro, que além de agirem como donos da
cidade, carregam o dinheiro do município. Mas a emancipação social, a mais
necessária, é algo inevitável e deve acontecer mesmo contra a vontade dos
grandes. O poder emana do povo!
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