35 partidos políticos no Brasil com basicamente as mesmas "ideologias", para que isso?
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O
último a ser criado foi o PMB (Partido da Mulher Brasileira) apesar da
nomenclatura - nada de novidade!
Qual a finalidade de tantos
partidos políticos no país se todos "pregam", basicamente o mesmo?

Época – O que o PMB propõe?
Continua...
Suêd Haidar - A nossa
principal proposta, nossa bandeira, é a participação das mulheres em todos os
setores da sociedade, principalmente na política. Tem se discutido muito, ainda
que de forma muito tímida, a dificuldade da ampliação [de participação] das
mulheres na política representativa. Conseguimos reunir um grupo de pessoas com
diversas crenças políticas, históricos, trabalhos sociais afirmativos. Formamos
um grupo de pessoas com trajetórias parecidas para formar o Partido da Mulher
Brasileira. Levamos sete anos para formar a nossa legenda.
Época - Há alguma restrição
para os homens no partido?
Suêd - Não iremos excluir ou
discriminar os homens. Não temos restrições. Todos são bem vindos. Queremos
atrair as mulheres para a discussão política, que ainda não ficou bem clara
para todas. A mulher ainda não participa ativamente. O objetivo do partido é
educação política partidária para todos.
35 partidos políticos no
Brasil com basicamente
as mesmas ideologias para que isso
Época - O PMB é um partido
feminista?
Suêd - Não, o PMB é só um
partido feminino. Entendemos que o feminismo começou como um movimento social
de luta pelos direitos das mulheres. Naquele momento, era a única ferramenta
que as mulheres encontraram. Devemos agradecer – graças a esses movimentos,
muitas conquistas foram alcançadas. A questão feminista foi uma bandeira
levantada por nossas promissoras (sic), a quem devemos muito, a todas essas
mulheres guerreiras que lutaram para nós chegarmos até aqui. Se não tivesse
havido esse movimento feminista, não teríamos a inserção a que a mulher está
chegando atualmente. Só que agora as questões são outras. As mulheres precisam
de melhores condições de trabalho, precisam ter o mesmo espaço e a mesma
participação no Congresso. Nos afirmamos como femininas.
Época – O que significa
dizer que o partido é feminino, se aceita homens?
Suêd - As pessoas costumam
afirmar o seguinte, se for um grupo feminista: só mulher pode participar e
tomar decisão no movimento. A forma que identificamos para ter abertura e
obedecer a legislação – porque partido nenhum pode ser formado apenas por um
sexo – foi afirmarmos que somos um partido feminino, composto de homens e
mulheres. Se continuarmos afirmando “somos feministas”, estamos invalidando
outros gêneros.
Época – Qual é a posição do
PMB sobre o aborto?
Suêd - Não podemos afirmar
que a mulher deva matar uma vida, matar seu próprio filho e se expor a sua
própria morte. Defendemos um planejamento diferenciado dos gestores públicos e
do governo, onde todos devem discutir essa questão do aborto que ainda é
complexa para todos. Defendemos a educação sexual, a orientação para as
famílias e a difusão dos métodos contraceptivos nas camadas mais baixas da
população, para evitar que a mulher precise chegar a um ato tão violento quanto
o aborto. Em casos em que já tenha sido identificada alguma deficiência que não
seja possível mantê-lo (o feto) vivo, aí sim deve haver o aborto.
Época - Os outros partidos e
o Congresso estão muito longe de conseguir uma divisão meio a meio entre os
sexos. O PMB tem alguma meta de composição do universo de candidatos e na
bancada eleita? Se tem, é para quando?
Suêd - A nossa meta, se
lutamos tanto pela igualdade de gênero, seria que pudéssemos ter meio a meio
nas bancadas. Aí sim estaríamos reafirmando isso, mas com certeza vamos lutar
décadas e décadas para atingir o objetivo de ter essa igualdade em todos os
setores da sociedade, principalmente no campo da política partidária e para
chegar nessa divisão de meio a meio.
Época - Mulheres ocupam
menos cargos de poder que os homens, no governo e no setor privado.
Tradicionalmente, direita e esquerda vêm essa questão de formas muito
diferentes – se é problema ou não, e como resolvê-la. O PMB é de esquerda ou de
direita?
Suêd - Nesse aspecto, nós
nos consideramos de centro-esquerda. Isso quer dizer que somos uma esquerda,
mas uma esquerda que ainda temos de discutir muito. Não vamos radicalizar, porque
com radicalização não se chega a lugar algum. Ainda temos muito que discutir
sobre esse assunto.
Época – Outros grupos que se
considerem privados de direitos deveriam criar seus partidos? Seria razoável
termos também o partido dos negros, dos índios?
Suêd - Ainda não podemos
afirmar se é razoável ou não. Cada partido tem a sua ideologia e diretrizes e
luta por aquilo que acredita. Vamos lutar por aquilo que acreditamos. Não
acredito que o PMB venha a ser só mais um partido e sim, um partido que vem para
fazer diferença, com comportamentos diferentes.
Época – É razoável o país
ter 35 partidos? Não se vê, no Brasil, nenhuma política pública criada graças
ao fato de o país ter muitos pequenos partidos. Eles servem principalmente para
movimentar o mercado de apoio político. O PMB conseguirá evitar esse destino?
Suêd - Eu tenho certeza que
nós vamos fugir desse caminho. Viemos de um caminho com total independência,
sem apoio do lado A ou o lado B, do partido A ou do partido B. Viemos nessa
nossa longa caminhada construindo e discutindo. Há um ano e meio, uma comissão
vem discutindo esses assuntos que, inclusive, serão apresentados agora no dia 9
de outubro na nossa primeira convenção aqui em Brasília, com todos os
dirigentes regionais, vão afirmar nossa linha e nossas diretrizes, a carta
magna do partido será apresentada.
Fonte: época. Globo. Com na
íntegra
Elane Souza Advocacia &
Consultoria Jurídica
Advogada
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