Jorge Elói nos leva a viajar no tempo do velho bairro da Trizidela em Pedreiras

Em uma viagem nostálgica ao coração de Pedreiras, o poema "Lembranças da Rua do Tamarindo", de Jorge Elói, nos convida a percorrer as memórias de uma época áurea, imersos nas vivências e cenários que compõem o tecido da história local. 

Passeando pelas ruas que ainda ecoam os passos do passado, este poema remissivo traz à tona o antigo bairro de Trizidela, com sua emblemática Rua do Tamarindo, e as escapadas bucólicas ao povoado Lucinho, refúgios de fim de semana que marcaram a infância do autor. 

Através de versos que capturam a essência da vida em Pedreiras, desde as mulheres, os bares, até os cabarés, o poema presta homenagem a figuras ilustres como Tiago Costa, João Muniz, Alfinim e João do Vale, entrelaçando-os na rica tapeçaria cultural da cidade. Ao disponibilizar "Lembranças da Rua do Tamarindo" no blog, convidamos nossos leitores a mergulhar nas profundezas da memória e da emoção, relembrando ou descobrindo um tempo em que a simplicidade e a vivacidade da vida em Pedreiras eram eternizadas em cada esquina, cada encontro, cada verso.

"LEMBRANÇAS DA RUA DO TAMARINDO

EU AINDA LEMBRO BEM

DAQUELA LINDA MENINA

UMA PÉROLA QUE MORAVA 

NA RUA DO TOMARINDO

 ERA MUITO COBIÇADA

TODO MUNDO ADMIRAVA

UMA JOIA CRISTALINA

NÃO RECORDO O NOME DELA

MÁS LEMBRO SUA BELEZA

ERA UMA OBRA PRIMA

COISA DA MÃE NATUREZA

QUANDO ELA MERGULHAVA

SEU CABELO FLUTUAVA

BOIANDO NA CORRENTEZA

AINDA HOJE ME RECORDO

O BALANÇO DA CANOA

MEU MAGRO CORPO VOAVA

POIS EU SENTAVA NA PROA

E O VENTO SACUDIA

NO TOQUE DA MARESIA

E O PENSAMENTO VOA

ALFINIM O QUIOSQUEIRO

PARECIA UM CABORÉ

TIAGO COSTA O MEC NICO

NA FLORESTA MUITA PUTA E CABARÉ

TUDO TRAGO NA LEMBRANÇA

DO MEU TEMPO DE CRIANÇA

PENSE COMO TINHA MULHER

AO LADO DE TIAGO

EU PASSAVA SEM SEGREDO

IA CHAMAR O EDILSON

FILHO DO SEU MACEDO

O IRMÃO DE RIBAMAR

QUE DEUS LEVOU PARA MORAR

AINDA POUCO CEDO

JOÃO MUNIZ O LANTERNEIRO

NA ARTE ERA SOBERANO

UM HOMEM QUE FAZIA FESTA

DONO DO BOI DE PANO

QUE NAQUELA REGIÃO

ANIMAVA O SÃO JOÃO

COM SEU BOI DANÇANDO

JOÃO DE BRONZE O ARTISTA

UM PERITO PINTOR

NÃO TINHA ARTISTA PLASTICO

IGUAL AQUELE SENHOR

PINTAVA PARA O PARAÍBA

E PARA OS COMERCIANTES

ERA UM BOM PROFESSOR

UM LUGAR ESPECIAL

QUEM CONHECEU QUE O DIGA

SAINDO DA FLORESTA

PARA O CABARÉ DA FORMIGA

NESSA HORA BENFASEJA

ONDE HOJE É UMA IGREJA

AS VEZES ISSO ME INTRIGA

ERA BOM FICAR ALI, MAS

EU FICAVA SEMPRE

A OUVIR

VAMOS LÁ NA PIXURÍ

LÁ TEM SURUBIM DE SOBRA

SÓ NO LEITE DA PINDOBA

DEPOIS NOIS VOLTA AQUI

CAINDO NO MEARIM

NADAVA POUCA BRAÇADA

EU SAIA MOLHADO

ANTES DE SECAR

BEM NA RUA DA GOLADA

OLHAVA JOÃO DO VALE

E COMIA AQUELA PANELADA

QUANDO ERA SEXTA FEIRA

EU JÁ DEITAVA SORRINDO

POR QUE SÁBADO DE MANHÃ

NOÍS ÍAMOS PARA O LUCINDO

O MEU QUERIDO TORRÃO

SOU FILHO DAQUELE CHÃO

O POVOADO MAIS LINDO

AOS DOMINGOS DE TARDEZINHA

COM TRAJES DE BANHO

EU IA CHAMAR ANASTÁCIO

LÁ NA CASA DE DADÁ

NÃO ESQUEÇO AQUELA SENA

NOIS ÍAMOS AO MAJOR LUCENA

E DESCIA DE LÁ PARA CÁ

AQUILO ERA UMA TERAPIA

NOSSO PENSAMENTO VOA

DESCENDO AO LEVAR DA AGUA

QUE TRAZENDO A CANOA

NA FORÇA DA CORRENTEZA

ISSO SIM ERA BELEZA

ME EMOCIONO AO LEMBRAR

NOSSA VIDA É MESMO 

UMA NUVEM PASSAGEIRA

ERA MUITO EMOCIONANTE

LÁ NO SINE DE PEDREIRAS

VER UM BELO FAROESTE

VER DJAGO O GRANDE MESTRE

BANG BANG DE PRIMEIRA

MUDEI O RUMO DA PROSA

PARA FALAR DO MEU TORRÃO

O POVOADO LUCINDO

MUNICÍPIO DE POÇÃO

É MEU BERÇO EXEMPLAR

COLOCADO EM UM LUGAR

DESSE IMENSO MARANHÃO

LUCINDO TEM HISTORIA

ESTOU LHE DANDO UMA PISTA

SÓ NÃO FAZ UM FILME

PORQUE LÁ SÓ TEM ARTISTA

PENSE EM UM POVOADO LINDO

É MEU QUERIDO LUCINDO

VÁ LA QUE ELE TE CONQUISTA

O DESTINO MUDA TUDO

MAS NÃO APAGA A LEMBRANÇA

DE QUANDO ÉRAMOS FELIZES

EM NOSSO TEMPO DE CRIANÇA

0 DESTINO ME LOGROU

AQUI NA ILHA DO AMOR

MAS AINDA TENHO ESPERANÇA

DE VOLTAR PARA MEU TORRÃO

QUE NUNCA DEIXEI DE AMAR

É NO LUCINDO QUE VOU FINDAR

MEUS DIAS POR LÁ

TERRA DOS MEUS ANCESTRAIS

DE COLINAS DE COQUEIRAIS

ONDE CANTA O SABIÁ

ESSA É MINHA HISTÓRIA

DE UM HOMEM NORDESTINO

QUE COMEÇOU NA RUA DO TAMARINDO

DE LÁ VOLTEI AO LUCINDO

PARA MINHA DESILUSÃO 

DEIXEI MEU TORRÃO

MAS BREVE ESTOU LÁ SORRINDO

HOJE SÃO TANTAS AS LEMBRANÇAS

DA INFÂNCIA TEMPO LINDO

MINHA CASA ERA 113

DA RUA DO TAMARINDO

RELEMBRO A HISTÓRIA

GUARDO UM FILME NA MEMÓRIA

SONHO E ACORDO SORRINDO

DEDICO ESSE CORDEL

COM CARINHO E COM AMOR

A MINHA IRMÃ LINDIA LUZ

E AO PAULO DE QUINÔ

A MARTA MELO E IOLE

TAMBÊM CARLITO FÍ DE SINHÁ 

O POETA TROVADOR

A MINHA ESPOSA ROSEANE

SEMPRE MUITO FIEL

A ELA TAMBÉM DEDICO

ESSE HUMILDE CORDEL

E PARA FINALIZAR

A TODOS DO GRUPO CARCARÁ

OS CAMPEÕES DO CORDEL

JÁ ESCREVI COM AFETO

O CORDEL E DEDIQUEI

RIMANDO COM PACIÊNCIA

GRAÇAS AO SENHOR REI

E TUDO QUE DESEJEI

E SINCERO ACREDITO

LEMBREI TODO O PASSADO

OUVI TAMBÉM OS AMIGOS

IGUAL INDO LADO A LADO."

BIOGRAFIA

JORGE ELOI DA LUZ MONTEIRO, NACIDO EM 31/01/1971, PEDREIRAS MA, ENFERMEIRO DO TRANSPORTE AEROMÉDICO DO ESTADO DO MARANHÃO, ESPECIALISTA EM UTI E SAÚDE MENTAL, BACHAREL EM TURISMO UFMA 1998, E ACADÉMICO DE DIREITO 8° PERÍODO.