Morre o escritor Ariano Suassuna, aos 87 anos
0
Comentários
O autor paraibano havia sido
internado na noite de segunda-feira no Hospital Português, no Recife, após
sofrer um acidente vascular cerebral (AVC)
O dramaturgo, advogado,
poeta e professor brasileiro, Ariano Suassuna é fotografado enquanto no clube
de máscaras 'Galo da Madrugada', onde foi o homenageado deste ano, em Recife
O escritor paraibano Ariano
Suassuna morreu nesta quarta-feira, aos 87 anos, no Recife. Ele estava
internado desde segunda-feira no Real Hospital Português, após sofrer um acidente
vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico. Seu quadro clínico se agravou no
dia seguinte, com queda da pressão arterial e aumento da pressão intracraniana,
que acabou provocando uma parada cardíaca, segundo nota do hospital.
Continua...
Suassuna nasceu em 16 de
junho de 1927, em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da
Paraíba, e mudou-se com a família para Recife em 1942. Seus contos, livros e
peças foram adaptados diversas vezes para a TV e o cinema, como Auto da
Compadecida, sua obra mais famosa, que em 1999 foi exibida em formato de
minissérie pela TV Globo e no ano seguinte foi levada ao cinema por Guel
Arraes, estrelada por Matheus Nachtergaele e Selton Mello.
Desde 1990 ele ocupava a
cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de
Araújo Porto Alegre, o barão de Santo Ângelo. Ele também integrava a Academia
Paraibana e a Academia Pernambucana de Letras. O escritor foi secretário de
Cultura de Pernambuco de 1994 a 1998, durante o governo Miguel Arraes, e também
atuou no mesmo cargo como secretário especial do ex-governador Eduardo Campos,
neto de Arraes. Amigo da família de Campos, Suassuna declarou seu apoio à
candidatura do político do PSB à Presidência da República.
Biografia – O pai do
escritor, João Suassuna, foi assassinado por motivos políticos no Rio de
Janeiro durante a Revolução de 1930, e ele próprio se envolveu com política
durante toda sua vida. Em 1946, o escritor iniciou o curso de direito na
Faculdade de Recife, onde conheceu Hermilo Borba Filho, com quem viria a fundar
o Teatro do Estudante de Pernambuco. No ano seguinte, ele escreveu sua primeira
peça, Uma Mulher Vestida de Sol.
Do ano em que se formou,
1950, até 1956, ele dedicou-se à advocacia, sem nunca abandonar o teatro. Foram
escritas nesta época O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e,
especialmente, Auto da Compadecida (1955). Drama passado no Nordeste do Brasil,
a peça mistura elementos da literatura de cordel, cultura popular e tradição
religiosa. Sua escrita tem traços de linguagem oral, que demonstram na fala do
personagem sua classe social e sua origem. Em 1956, Suassuna abandonou a
advocacia para tornar-se professor de estética na Universidade Federal de
Pernambuco e passou a dedicar-se à vida acadêmica.
A obra de Suassuna é tema
recorrente da cultura popular brasileira. No Carnaval de 2013, o Auto da
Compadecida foi tema do samba enredo da escola paulistana Pérola Negra. O mesmo
já havia ocorrido em 2002, quando o escritor foi tema da escola carioca Império
Serrano, e em 2008, da paulistana Mancha Verde. Ele era torcedor fanático do
Sport Club do Recife.
0 Comentários